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Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?

Fortuna de Alfred Nobel continua rendendo mais de um século depois da criação do prêmio — e garante cheques de quase US$ 1 milhão aos vencedores

Num momento em que se discute se estamos ou não em uma bolha de AI, vem bem a calhar o Nobel de Economia para a trinca Mokyr-Aghion-Howitt.

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Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, sobretudo em relação ao salto estrutural da produtividade pós Revolução Industrial, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas.

Em particular, uma parte de sua pesquisa contempla o cálculo de doses ótimas de investimento em P&D, tanto sob uma perspectiva macro/social quanto sob a ótica da empresa que está modelando seu capex para os próximos anos.

Entre a ruína e a inovação

Como era de se esperar, o output desse cálculo não é nada simples, pois deriva de duas forças atuantes por oposição.

A primeira dessas forças nasce do humilde reconhecimento corporativo de que os lucros atualmente extraídos a partir de inovações recentes não vão durar para sempre.

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Se a empresa dormir no ponto da P&D, suas concorrentes diretas logo serão capazes de lançar produtos ou serviços melhores, tomando seu mercado.

Contudo, se do ponto de vista individual ficar para trás pode significar a ruína (the Kodak moment), do ponto de vista social o ganho da destruição criadora é amplamente comemorado, já que o novo conhecimento é empilhado em cima do velho conhecimento, garantindo a evolução macro independentemente de quem ficou pelo caminho.

Logo, existe um incentivo individual (FOMO) e um social (empilhamento) em nome da propensão ao capex inovador, mas eles são assimétricos. O incentivo individual é de preservar (para o incumbente) ou roubar mercado (para o concorrente), enquanto o incentivo social é muito mais consensual e disseminado.

Em paralelo, a segunda dessas forças investiga em mais detalhes o que acontece nas ocasiões de roubo de mercado por um concorrente – que, ironicamente, pode ser inclusive a própria empresa concorrendo com ela mesma (e.g. chips semestrais da Nvidia, iPhones anuais da Apple).

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Aqui, mesmo se a inovação marginal está apenas um tiquinho acima do status quo anterior, o pool de lucros a ser roubado pode ser gigantesco, sem que haja com isso um benefício macro proporcionalmente comparável.

Portanto, esse segundo caso coloca a propensão individual a investir em capex muito acima da propensão social.

No fim das contas, a conclusão sobre qual das duas forças predominará costuma depender de uma análise caso a caso, mas a briga contínua entre elas fornece o combustível para o perpetuum mobile que tomou conta do mundo desde a Revolução Industrial.

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