Dizem que a esperança é a última que morre e se isso for verdade, o mercado terá que esperar mais para respirar aliviado. Isso porque a Casa Branca confirmou que tarifas de 104% serão cobradas da China a partir de quarta-feira (9) — o que fez a bolsa de Nova York apagar os fortes ganhos desta manhã e ser acompanhada pelo Ibovespa, que renovou mínimas da sessão com a notícia.
O principal índice da bolsa brasileira recuou 1,32%, aos 123.931,89 pontos. Em Wall Street, o S&P 500 zerou os ganhos de 4% para depois fechar em queda de 1,57%, enquanto o Dow Jones e o Nasdaq baixaram 0,84% e 2,15%, respectivamente.
No mercado de câmbio, o dólar à vista chegou a bater nos R$ 6 na máxima da sessão e acabou encerrando o dia cotado a R$ 5,9979 (+1,48%).
Mais cedo, os mercados mundo afora operavam em forte alta embalados pela sinalização de que países alvos das tarifas de Donald Trump estariam dispostos a negociar com o governo norte-americano, o que poderia frear ou reduzir os efeitos da guerra comercial sobre a economia global.
- VEJA MAIS: Caos nos mercados? ‘Ninguém gosta de incerteza, mas ela abre oportunidades’, diz analista que indica estas ações para investir; confira
Só que no início da tarde, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou à Fox Business que as tarifas de 104% contra a China começarão a ser cobradas amanhã (9).
Com isso, Trump cumpre a ameaça feita no dia anterior. O presidente norte-americano disse que se Pequim não desistisse de retaliar os EUA até às 13h desta terça-feira (8), uma taxa adicional de 50% seria cobrada sobre os produtos chineses importados pelos norte-americanos.
- Como a China já havia sido taxada em 20%, depois em mais de 34% na ocasião do anúncio das tarifas recíprocas por Trump, o total de impostos que um produto chinês vai pagar para entrar no mercado norte-americano sobe para 104%.
Durante a madrugada, a China já havia indicado que não voltaria atrás na retaliação que implicou em taxas de 34% sobre produtos importados dos EUA.
O governo de Xi Jinping disse ainda que está pronto para seguir respondendo aos aumentos tarifários, apesar de considerar que "em uma guerra comercial, não há vencedores".
- Vale lembrar que a China iniciou uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas recíprocas anunciadas por Trump no dia 2 de abril. De acordo com o comunicado da OMC, a China questiona "medidas dos EUA que impõem uma tarifa adicional de 10% sobre importações de todos os parceiros comerciais, com início em 5 de abril", além de uma tarifa adicional de 34% especificamente sobre produtos importados da China, que entra em vigor em 9 de abril.
Alguma chance de trégua entre EUA e China?
Mas nem tudo está perdido entre EUA e China. A guerra comercial travada pelas duas maiores economias do mundo tem chance de uma trégua.
Logo depois de confirmar as tarifas de 104% sobre a China a partir de amanhã (9), a Casa Branca informou que Trump segue interessado em fazer um acordo com Xi.
“Trump quer fazer um acordo com a China, só não sabe como começar”, diz. “Se a China aceitar um acordo, Trump será mais afável”, acrescenta.
TRUMP ATACA: O que você PRECISA SABER sobre a GUERRA DE TARIFAS e como PROTEGER seus INVESTIMENTOS
Segundo a Casa Branca, o governo norte-americano vai priorizar aliados e parceiros comerciais nas discussões sobre as tarifas.
Vietnã, Japão e Coreia do Sul estão entre os países que já sinalizaram interesse em negociar as tarifas anunciadas por Trump — o que ajudou os mercados a subirem mais cedo. A Ásia foi uma das regiões que recebeu as maiores taxas dos EUA.
De acordo com a Casa Branca, cerca de 70 nações já procuraram o governo norte-americano para negociar.
- VEJA TAMBÉM: Empresa brasileira que pode ‘surpreender positivamente’ é uma das 10 melhores ações para comprar agora – confira recomendação
Tarifas de Trump assustam os investidores
As tarifas de Trump têm derrubado as bolsas mundo afora, com investidores receosos de que a guerra comercial possa jogar a economia dos EUA em uma recessão severa, arrastando a economia global.
- O JP Morgan, por exemplo, elevou as chances de recessão nos EUA de 20% para 60% na semana passada.
Esse cenário de incerteza faz com que os investidores se afastem dos ativos mais arriscados como ações e busquem abrigo em portos seguros como os títulos de dívida do governos dos EUA — cujos yields (rendimentos) ficaram abaixo de 4% logo depois do anúncio do tarifaço de Trump.
*Com informações do Estadão Conteúdo