Site icon Seu Dinheiro

Sparta mantém posição em debêntures da Braskem (BRKM5), mas fecha fundos isentos para não prejudicar retorno

ulisses nehmi sparta fundos de investimento onde investir 2025

Ulisses Nehmi, sócio e CEO da Sparta

O mercado de crédito privado brasileiro vive um cenário de contraste, diz a Sparta na carta mensal de outubro. De um lado, os juros elevados pressionam a saúde financeira das empresas, no entanto, a demanda por ativos de dívida de qualidade permanece muito alta. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Essa combinação resulta em spreads — diferença entre a taxa dos títulos de dívida e as taxas dos títulos públicos — comprimidos. Ou seja, os investidores recebem um prêmio menor para correr o risco, dada a escassez de oferta frente a uma demanda tão forte. 

Essa demanda aumentou principalmente nas debêntures isentas de imposto de renda (IR) após a publicação da MP 1.303/25, em junho. A medida provisória visava aumentar o IR de títulos incentivados, mas perdeu a validade (e o efeito) no último dia 8 de outubro.   

No entanto, a Sparta destaca que a mera discussão sobre a MP mudou o comportamento dos investidores.

“A ampla exposição do tema trouxe ainda mais visibilidade aos instrumentos isentos, acelerando as captações nos últimos meses e reforçando a percepção de que essas oportunidades podem ser finitas”, diz o relatório. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com isso, a Sparta acredita que o investidor passou a ser mais consciente da importância de alocar e consolidar posições em ativos e fundos isentos “enquanto há tempo”. 

Não é sobre isenção de IR, é sobre juros  

Mesmo após a caducidade da MP 1.303, a Sparta avalia que o apetite por debêntures incentivadas se manterá excepcional. 

A gestora argumenta na carta que o principal fator que sustenta esse apetite não é a isenção de IR em si, mas o elevado nível da Selic. Com a taxa básica em 15% ao ano, o benefício da isenção equivale a cerca de 2,6% de ganho a mais ao ano. 

Se houvesse uma queda relevante na Selic, o benefício da isenção seria automaticamente menor. Só assim, a Sparta acredita que haveria espaço para a demanda cair e os spreads abrirem.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Na ponta do lápis, os incentivados seguem com retornos mais atrativos do que os tributados equivalentes, enquanto não houver queda relevante nas taxas de juros”, diz o relator. 

Enquanto os juros não caírem, a gestora espera que os volumes de novas ofertas de debêntures incentivadas sigam altos nos próximos meses. 

Fechamento de fundos da Sparta  

Diante do ritmo intenso e acelerado de captação nas estratégias de debêntures incentivadas, a Sparta — que tem R$ 20 bilhões sob gestão — tomou medidas para proteger a qualidade de suas carteiras. 

Embora a captação de recursos seja importante para as gestoras, uma entrada de fluxo intensa exige uma alocação rápida para manter o enquadramento nas regras de alocação.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Neste momento de pressão nos mercados, a Sparta prefere a posição mais conservadora, que permite uma alocação mais estratégica. A gestora decidiu fechar o fundo Sparta Debêntures Incentivadas para novas aplicações, após a entrada de R$ 700 milhões entre junho e setembro.  

Já o fundo Sparta Debêntures Incentivadas 45 está com os dias contados: o fundo fechará quando atingir R$ 800 milhões em recursos — atualmente, está em R$ 500 milhões. terá seu fechamento estabelecido ao atingir R$ 800 milhões de patrimônio. 

Além desses dois fundos isentos, que ficaram fechados para captação entre março do ano passado e junho deste ano, os fundos com proteção (hedgeados) nas estratégias isentas de IR também encerraram entradas. 

Fundos que ficam abertos: 

Braskem: Sparta mantém posição 

A performance dos fundos de crédito não incentivado (tributado) da Sparta foi negativamente afetada em setembro pelas remarcações nos títulos da Braskem.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A petroquímica vive um dos ciclos negativo de alto endividamento e incerteza global em relação à oferta de seus produtos. A situação ainda é agravada com problemas de gestão e governança, que levaram à reprecificação de seus títulos. 

Nos últimos meses, a Braskem perdeu seu grau de classificação de risco e viu o preço dos seus títulos de dívida perder valor com a saída de investidores — mas a Sparta não foi um deles.  

A gestora não acredita que a petroquímica pedirá recuperação judicial. O relatório afirma que a empresa fez um colchão de segurança no curto prazo e tem múltiplos instrumentos extrajudiciais antes de uma solução judicial. 

A Sparta espera que a normalização das margens de lucro da Braskem seja gradual, estendendo-se por 2027–2028. Mas, enquanto isso não acontece, os preços atuais dos títulos de dívida da empresa (próximos de 40% do valor nominal do título), apresentam um “retorno/risco favorável”. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A gestora acredita que medidas de eficiência e negociações extrajudiciais podem destravar valor acima dos níveis atuais. Por isso, os fundos de crédito da Sparta mantêm posições de até 0,6% em Braskem aos preços atuais. 

Já a Ambipar — outro “pepino” recente no mercado de dívida — está fora da carteira da Sparta desde 2023.  

Exit mobile version