O mercado de ações brasileiro vive um momento surpreendente em 2025. Mesmo em um cenário de juros altos e volatilidade externa, o Ibovespa acumula uma alta de 17% no ano — sendo que superou 20%, mas devolveu uma parte recentemente.
Essa valorização inesperada levanta uma questão crucial para investidores. Seria este um movimento sustentável ou apenas um "voo de galinha" passageiro?
Para responder a esta e outras perguntas, o Touros e Ursos desta semana recebeu André Lion, sócio e CIO da estratégia de ações da Ibiuna Investimentos. Para ele, de fato, essa “é realmente a pergunta de 2025".
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“Eu acho muito importante entender o que causou esse movimento e até comparar o Brasil com outros países compatíveis. Na verdade, toda essa movimentação de apreciação na Bolsa não tem nada de específico do Brasil. Foi um movimento global”, afirmou.
Desempenho do Ibovespa
Segundo Lion, a alta do Ibovespa não é um fenômeno isolado do Brasil, mas um movimento global. O impulso local e em outros países emergentes veio do enfraquecimento do dólar contra outras moedas.
O dinheiro que estava concentrado nos Estados Unidos começou a migrar para ativos de risco de outros países. Lion aponta que o desempenho do mercado brasileiro em dólar tem sido muito parecido com o de outros mercados emergentes.
“Isso vai continuar? Existe uma boa perspectiva de continuar. A gente entrou, de fato, em um cenário de política monetária mais frouxa no mundo, que favorece ativos de risco”, disse Lion.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) iniciou o corte de juros em setembro, e a expectativa é de que o banco central brasileiro, além de outras autoridades monetárias pelo mundo, siga o mesmo caminho.
A projeção da Ibiuna é de que o Ibovespa pode chegar a 150 mil pontos ou até superar essa marca nesta reta final de 2025. O principal fator que dita o ritmo desse crescimento é a política monetária.
"Mas aí, é aquela coisa, o juro tem que cair pela razão certa. Se cair pela razão errada, que é atividade muito fraca, isso não é bom para o investimento", diz o gestor.
Onde a Ibiuna está investindo
Lion vê a alocação da maioria dos investidores em Bolsa como excessivamente baixa. Segundo ele, a maior parte dos portfólios estão zerados em ações ou muito próximos de zero.
“Será que não faz sentido ter 5% em ações? Essa é a discussão. Todo mundo fica olhando a Selic em 15% ao ano. Sem dúvida, é um bom retorno. Só que outros ativos andaram 25%, 30%, 40%. Então, tem que ter um pouco dessa parametrização, dessa troca”, afirma o gestor.
Ele lembra que a Selic deve cair em 2026 e esse rendimento de 15% não vai durar. E durante um ciclo de queda dos juros, a tendência é as ações performarem bem.
A Ibiuna busca empresas resilientes, com exposição à atividade doméstica e com balanços pouco alavancados.
Entre as posições destacadas por Lion estão Vivara (VIVA3), a única no varejo, e Multiplan (MULT3). Outra posição relevante é Bradesco (BBDC4).
Touros e Ursos da Semana
No quadro Touros e Ursos, que dá nome ao podcast — em que os “touros” são os destaques positivos e os “ursos” são os negativos — a Raízen (RAIZ4) ficou com a indicação negativa.
O mercado teme uma reestruturação de dívidas, com forte pressão sobre seus títulos negociados no exterior.
Além disso, o governo Lula também levou a pior, devido a derrota da Medida Provisória de elevação dos impostos sobre investimentos. Essa derrota representa um custo fiscal de mais de R$ 40 bilhões para 2026.
Já entre os destaques positivos da semana, Cristiano Ronaldo foi o nome da vez ao se consagrar como o primeiro atleta de futebol a entrar para o clube dos bilionários. A fortuna do craque português chegou a US$ 1,4 bilhão, segundo a Forbes. Seu contrato com o clube Al-Nassr, na Arábia Saudita, foi crucial para este feito.