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Sem cadeirada e com abraço, Boulos e Nunes se enfrentam no primeiro debate do 2º turno em meio a apagão de São Paulo — e Enel é quem sofre mais ataques

Da esquerda para direita, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) no debate da Rede Bandeirantes

Da esquerda para direita, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) no debate da Rede Bandeirantes

O segundo turno das eleições municipais acontece em duas semanas e, até lá, muitos debates ainda devem acontecer — o primeiro turno, por exemplo, teve um recorde de 11 confrontos entre os candidatos só na cidade de São Paulo. 

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Com um número mais enxuto de confrontos no segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) se encontraram na última segunda-feira (14) na disputa para ocupar a cadeira da capital paulista. O debate foi promovido pela Rede Bandeirantes. 

Acontece que, na hora do evento, a cidade de mais de 11 milhões de habitantes tinha mais de 500 mil residências sem energia elétrica após um temporal na última sexta-feira (11). Até aquela hora, o apagão já durava mais de 72h.

Com mais de 2 milhões de clientes da Enel atingidos, o primeiro bloco do debate foi marcado por trocas de acusações entre o atual prefeito e o governo federal.

Boulos, que é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, culpou a falta de zeladoria da cidade, enquanto Nunes acusava a falta de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela concessionária Enel, que opera em São Paulo. 

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No fim, quem mais foi atacada foi a própria empresa italiana, que adquiriu a totalidade da antiga Eletropaulo em 2018. Veja os destaques do debate a seguir: 

Boulos x Nunes: apagão e zeladoria são temas do debate

Um ponto em comum entre os candidatos foi o ataque aos serviços prestados pela Enel. 

Vale dizer que a Enel tem contrato até 2028, mas que a renovação dessa concessão será debatida antes disso. Seja como for, o atual prefeito falou em cassar o direito da empresa operar em São Paulo após longos períodos sem luz em menos de um ano

A estratégia adotada por Nunes foi a de culpar o governo federal pela fiscalização da Enel pela agência reguladora. Já Boulos devolveu a acusação, afirmando que a falta de podas e monitoramento das árvores potencializou a confusão gerada pela tempestade. 

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Ainda que o primeiro bloco do debate tenha sido bastante dinâmico no campo das acusações, ambos os candidatos apresentaram propostas — desde revogar a concessão da Enel, como propôs Nunes, até o aumento do efetivo de integrantes das equipes de manutenção da cidade, como sugeriu Boulos. 

Mesmo com a troca de acusações, o debate entre os candidatos teve um tom bastante diferente dos confrontos do primeiro turno das eleições, marcado por cadeiradas, ofensas e socos nos bastidores

A postura dos candidatos

No primeiro bloco do debate, o deputado adotou uma postura mais incisiva contra Ricardo Nunes — no intervalo entre os blocos, as câmeras da Rede Bandeirantes mostraram que a equipe de Boulos entrou mais descontraída, enquanto a do atual prefeito manteve a postura séria para orientar o candidato emedebista.

Já o segundo bloco foi mais equilibrado, com mais trocas de acusações. Boulos chegou a sugerir a abertura do sigilo bancário de Nunes em relação à investigação do atual prefeito no esquema de desvio de dinheiro conhecido como da máfia das creches. 

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Recapitulando, em julho deste ano, a Polícia Federal indiciou 117 pessoas por suspeitas de participação no esquema. Nunes não está entre os indiciados, mas foi alvo de um pedido separado da PF à Justiça para a abertura de um inquérito específico.

A cena mais inusitada — para uma eleição que começou bastante violenta — aconteceu na sequência. 

O formato do debate permitia que os candidatos transitassem pelo palco. Com isso, Nunes ficou visivelmente desconfortável com uma aproximação mais incisiva de Boulos, gerando o seguinte diálogo:

No final, ambos se abraçaram, com sorrisos constrangidos e direito a tapinhas nas costas, arrancando aplausos da plateia. 

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Boulos X Nunes: o confronto final

A primeira pesquisa Datafolha após o fim do primeiro turno em São Paulo mostra Ricardo Nunes com 55% das intenções de voto e Guilherme Boulos com 33% na disputa do segundo turno no maior colégio eleitoral do país.

Segundo o levantamento, 10% dos entrevistados indicaram que votariam em branco ou nulo. Outros 2% não responderam. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.

Porém, a pesquisa aconteceu entre os dias 8 e 10 de outubro — portanto, antes do apagão que já dura mais de quatro dias. 

Ainda que Boulos esteja a uma distância considerável do atual prefeito, a falta de luz que já dura quatro dias pode pesar na campanha de Nunes. 

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Mas, se a história nos ensina algo, é de que reviravoltas envolvendo eventos assim podem acontecer.

Na eleição de 2020 para a prefeitura de Macapá, no Amapá, um apagão de mais de três semanas fez Dr. Furlan (Cidadania) ser eleito no lugar de Josiel Alcolumbre (DEM), que estava à frente nas pesquisas eleitorais. 

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