Quando o Banco Central da Argentina cortou a taxa de juros de 100% para 80%, o mercado foi pego de surpresa — e mal sabiam os hermanos que o melhor desta terça-feira (12) ainda estava por vir.
O Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) divulgou horas depois da decisão do BC a inflação de fevereiro e, apesar dos números ainda elevados, a tendência é de desaceleração.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) argentino no mês passado subiu 13,2% na comparação com o mês anterior — após alta de 25,5% vista em dezembro de 2023 e de 20,6% em janeiro deste ano. Até fevereiro, a inflação acumulada na Argentina em 2024 está em 36,6%.
O movimento foi puxado principalmente pela inflação dos segmentos de Comunicações (24,7%), Transporte (21,6%) e Habitação, Água, Eletricidade, Gás e Outros Combustíveis (20,2%).
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O tango da inflação
Embora a tendência de desaceleração seja uma boa notícia para a Argentina, o tango continua ditando o ritmo dos preços quando se olha em longo prazo.
Na leitura anual, a alta de fevereiro foi de 276,2% — dezembro ela estava em 211,4% e em janeiro, em 254,2%. Este é o nível mais elevado desde março de 1991, quando a inflação atingiu 287,3% no país.
A Pesquisa de Expectativas de Mercado (REM), elaborada pelo Banco Central da Argentina, apontava avanço de preços para fevereiro de 15,8%. Para março, a projeção é de 14,3%. Os primeiros dados com aumento de preços de um dígito, segundo o levantamento, só poderão chegar em junho (8,5%).
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Milei aponta os vilões da inflação na Argentina
Assim que os números foram divulgados, Milei tratou de apontar os vilões dos preços altos.
“A forte desaceleração dos preços em relação a dezembro de 2023 (25,5%) e janeiro de 2024 (20,6%) é resultado do trabalho do governo nacional para impor uma forte disciplina fiscal”, afirmou a Casa Rosada.
“O aumento inflacionário que enfrentamos é produto das emissões descontroladas dos últimos anos e dos resíduos gerados pelo programa econômico do ex-ministro Sergio Tomás Massa”, acrescentou.
Em 10 de dezembro, em seu discurso de posse, Milei informou aos argentinos que recebia uma inflação que se aproximava de 15.000% ao ano, contra a qual lutaria ‘com unhas e dentes’.
“Esse é o compromisso assumido e o objetivo inegociável”, encerra o comunicado da presidência argentina.
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Horas antes, a decisão do BC da Argentina
Horas antes de os dados de inflação de fevereiro serem conhecidos, o BC da Argentina pegou os mercados de surpresa ao cortar a taxa de juros de 100% para 80%.
Ao justificar a decisão, a autoridade monetária afirmou que, "desde 10 de dezembro de 2023, a situação econômica apresenta sinais visíveis de redução da incerteza macroeconômica".
O banco central argentino destacou ainda que o país está em uma "trajetória de desaceleração da inflação no varejo".
Em comunicado, o BC argentino — que não tem autonomia em relação ao Executivo — destacou duas frentes para a decisão: a normalização do sistema de pagamento doméstico e a normalização do sistema de pagamento externo.