Site icon Seu Dinheiro

Trump, Rússia, Irã e Israel: quem ganha e quem perde com a queda do regime de Assad na Síria — e as implicações para o mercado global

Cartaz com a imagem de Bashar al-Assad

Assad herdou o poder do pai, Hafez Assad, e estava em seu quarto mandato, na Síria

A fuga de Bashar al-Assad da Síria após rebeldes do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) invadirem a capital Damasco, marca muito mais do que o fim de um regime que estava há 24 anos no poder — as implicações geopolíticas e econômicas globais são significativas. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Não por acaso a queda de Assad — que herdou o poder do pai, Hafez Assad, e estava no quarto mandato — foi recebida com cautela pelos países ocidentais que estão atentos ao potencial de mais derramamento de sangue e de um vácuo de poder na Síria — se uma transição de liderança caótica e contestada acontecer. 

Para começar a entender essa história é preciso saber que a Síria, um país dilacerado por 13 anos de uma guerra civil brutal, viu facções concorrentes — incluindo o Estado Islâmico — lutarem entre si, bem como contra a força de Assad nos últimos anos, aumentando o potencial para disputas de poder rivais.

O Seu Dinheiro contou os detalhes da queda de Assad e você pode conferir aqui. A partir de agora vamos traçar as implicações para a economia mundial e para o xadrez geopolítico.  

Perdedores do fim da dinastia Assad

A queda da dinastia Assad após mais de 50 anos no poder tem ramificações globais mais imediatas, com a Rússia e o Irã vistos como "perdedores" da deposição do ditador sírio, enquanto os EUA, a Turquia e Israel são vistos entre os principais beneficiários da mudança de regime.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

De maneira geral, apesar de um potencial vácuo de poder em partes da Síria por um tempo, o Oriente Médio pode eventualmente ficar um pouco menos instável como resultado. 

Olhando mais de perto, no Irã, por exemplo, provavelmente perde a principal rota para enviar armas para o Hezbollah no Líbano em um momento crucial de enfrentamento com Israel. 

O outro "perdedor" mais notável com a derrubada de Assad é a Rússia, que ajudou a sustentar o regime desde o início da guerra civil. Mas o foco de Moscou no conflito na Ucrânia limitou a quantidade de ajuda militar que estava disposta e era capaz de dar às forças de Assad.

Mas vale lembrar que Moscou tem interesse em manter o novo governo — seja ele qual for — ao lado, já que irá operar bases com acesso ao Mar Mediterrâneo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As forças rebeldes já deram garantias ao Kremlin de que assegurariam as bases militares russas e instituições diplomáticas na Síria, segundo informações da Reuters, mas a presença militar de longo prazo da Rússia no país é vista como longe de ser certa.

BOLSA CAINDO e DÓLAR a R$ 6: O que o GOVERNO deve FAZER AGORA para VIRAR o jogo

Quem leva vantagem com a queda do regime na Síria

Os EUA lideram o pelotão de países que se beneficiam do fim do regime de Assad. 

Não há como negar que a queda do ditador e o enfraquecimento da Rússia e do Irã após a perda de um aliado importante na região darão ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e às potências ocidentais um impulso bem-vindo.

Mas isso não significa que o mundo esteja mais seguro: ainda não está totalmente claro que tipo de Síria pode emergir da queda de Assad.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Europa também pode ser beneficiária da mudança de regime na Síria se isso significar menos refugiados deslocados — um desenvolvimento que alimentou o sentimento anti-imigrante e a ascensão de partidos populistas nos últimos anos.

os "vencedores" geopolíticos imediatos são Israel e Turquia. Os israelenses viram um aliado do inimigo regional Irã ainda mais enfraquecido, enquanto Ancara emerge como o ator estrangeiro mais influente na região. 

Síria e Turquia compartilham de uma fronteira de mais de 900 quilômetros de extensão. Mas especialistas alertam que o país só se beneficiará se o regime de Assad for substituído por um governo funcional capaz de enfrentar a tarefa de promover estabilidade ao país. 

As implicações para o mercado

A queda de Assad e a "derrota" da Rússia e do Irã no processo tem implicações não só geopolíticas como para os mercados. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo analistas, o primeiro deles é o fracasso em desfazer o medo em torno da dominância do dólar— ao que, especialmente a Rússia, vem tentando fazer desde que foi alvo de sanções pesadas dos EUA e seus aliados em uma tentativa de estancar a guerra na Ucrânia. 

Ao mesmo tempo, abre uma frente para a visão de comércio global de Trump — tanto em termos de colocar os EUA quanto o dólar ainda mais à frente e no centro das trocas comerciais.

Vale lembrar que, recentemente, o presidente eleito dos EUA ameaçou o Brics — da qual Rússia e Brasil fazem parte — de tarifas pesadas caso o bloco de países em desenvolvimento decida adotar outra moeda para realizar suas trocas comerciais.

Do lado do petróleo, o entendimento dos especialistas no momento é de que, se a derrubada do regime de Assad levar a um governo mais moderado, Trump será encorajado a adotar uma posição dura contra o Irã — em particular restringindo as exportações de petróleo. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se isso acontecer, é bem provável que os sauditas fiquem satisfeitos com essa situação, permitindo que o preço da commodity suba. 

Em tese, o mercado precificou a possibilidade de uma perda de 1 milhão de barris por dia (mb/d) ou mais do Irã se Trump apertar as sanções. Vale lembrar que os iranianos conseguiram aumentar a produção em cerca de 1,5 mb/d desde que Joe Biden assumiu o cargo e em 700 mil b/d nos últimos meses. 

Embora os preços sejam pressionados pelas projeções de que a demanda por petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) cairá em 1 mb/d no ano que vem, a redução dos suprimentos iranianos pode compensar a maior parte disso. 

A Opep e seus aliados (Opep+) acabaram de atrasar o fim dos 2,2 mb/d em cortes voluntários.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

*Com informações da CNBC e da Reuters

Exit mobile version