Não é de hoje que os EUA têm manifestado cada vez mais preocupações com o excesso de oferta de produtos chineses de energia limpa subsidiados — energia solar, veículos elétricos e baterias de íons de lítio, que podem ser exportados para mercados internacionais a preços reduzidos.
A ansiedade dos norte-americanos é partilhada por aliados, incluindo Japão e Europa, que também assistem seus mercados serem inundados por produtos da China, prejudicando a competitividade das indústrias locais.
De olho nisso, os EUA podem aplicar tarifas sobre as exportações de energia verde de Pequim — o que pode desencadear uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
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A taxação do sol da China
A possibilidade foi levantada pela secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen. Ela está atualmente em Pequim e deve deixar a China na terça-feira (9).
Ela chegou a Guangzhou na quinta-feira passada para se conectar com autoridades chinesas, à medida que as relações econômicas turbulentas entre os dois países continuam.
“Eu não descartaria nada neste momento. Precisamos manter tudo sobre a mesa. Queremos trabalhar com os chineses para ver se conseguimos encontrar uma solução”, disse ela, quando questionada sobre a possibilidade de Washington impor tarifas se a China não ajustar a abordagem aos incentivos à indústria.
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“Não estou pensando tanto nas restrições às exportações, mas sim em algumas mudanças na política macroeconômica e em uma redução do montante, especialmente dos subsídios dos governos locais, às empresas”, acrescentou.
No entanto, Yellen enfatizou a necessidade de criar condições equitativas no espaço da tecnologia verde.
“Queremos apenas garantir que não seremos expulsos do mercado e que as nossas empresas e trabalhadores tenham oportunidades nestas indústrias que serão importantes no nosso futuro”, completou.
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EUA não vão taxar a China sozinhos
A secretária do Tesouro norte-americano disse que outros países também poderão explorar a possibilidade de impor restrições comerciais à China.
A União Europeia está atualmente conduzindo uma investigação sobre o possível “dumping” de veículos elétricos chineses subsidiados na região, o que corre o risco de minar a considerável indústria automóvel.
Até agora, o bloco tem resistido à implementação de tais medidas, dados os fortes laços comerciais com a segunda maior economia do mundo.
Falando hoje antes de uma viagem de três dias à China, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse estar cético sobre a necessidade de tarifas sobre veículos elétricos chineses.
“É bom para as empresas chinesas exportarem nesta indústria, para a desenvolverem. Mas algumas das técnicas que utilizam — subsidiar fortemente as empresas e depois apoiá-las mesmo quando estão perdendo dinheiro... isto é algo inaceitável do ponto de vista dos EUA, e muitos dos nossos aliados pensam o mesmo”, disse Yellen.
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A China não vai ficar no escuro
A China não assistiu às ameaças calada. O ministro do comércio chinês, Wang Wentao, criticou as acusações de excesso de oferta por parte dos EUA e da Europa.
Segundo ele, a ascensão da indústria de veículos elétricos da China foi resultado de “inovações constantes”.
Os veículos elétricos fabricados na China estão sujeitos a tarifas consideráveis de 27,5% nos EUA — uma política imposta pelo ex-presidente Donald Trump devido a preocupações em torno de práticas comerciais consideradas desleais por parte de Pequim.
O governo de Joe Biden já havia considerado cortar as tarifas, mas Yellen disse que elas estavam agora sujeitas a uma revisão após relatos de que poderiam aumentar ainda mais em meio à pressão dos legisladores republicanos. A China, entretanto, apelou pela redução.
*Com informações da Reuters e da CNBC