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O todo poderoso do Fed presta contas: tudo o que o investidor precisa saber sobre a trajetória dos juros nos EUA agora

Imagem mostra Jerome Powell como grande estrela do mercado financeiro

“I've got the power hey yeah heh… I've got the power… Oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh yeah-eah-eah-eah-eah-eah” — a música “The Power”, que foi tema do filme “Todo Poderoso”, poderia ser a trilha sonora de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed).

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No filme, Bruce Nolan ganha poderes divinos e passa a controlar tudo à sua volta. Powell não anda sobre as águas como o personagem de Jim Carey, mas recebeu poderes do Congresso, onde esteve nesta quarta-feira (6) para o primeiro de dois dias de depoimentos semestrais obrigatórios. 

Os poderes de Powell estão nos juros, que atingiram o maior nível em 22 anos nos EUA — na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano — para que ele cumpra a missão dada pelos legisladores norte-americanos: o pleno emprego e estabilidade de preços, que significa inflação em 2% no longo prazo. 

E ele segue firme nesse propósito. Hoje, mais uma vez, Powell não cedeu às pressões do mercado e voltou a avisar que o banco central norte-americano não está pronto para iniciar o corte de juros agora. Havia a expectativa dos investidores de que o ciclo de afrouxamento nos EUA começasse neste mês.

“Acreditamos que nossa taxa básica esteja em seu pico para este ciclo de aperto”, disse Powell, em audiência ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. “Se a economia evoluir amplamente conforme o esperado, provavelmente será apropriado começar a reduzir a contenção política em algum momento deste ano”, acrescentou. 

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O poder de Powell sobre os mercados

Powell mostrou seu poder sobre os mercados na decisão de janeiro deste ano, quando o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) pegou os investidores de surpresa ao dizer claramente que não iria cortar os juros tão cedo. 

Para não deixar dúvidas, na coletiva que seguiu a primeira decisão de 2024, o chefe do Fed foi enfático ao dizer que, embora o Fomc defina, reunião por reunião, a trajetória dos juros, as chances de um afrouxamento em março eram mínimas. 

Nesta quarta-feira, Powell repetiu mais uma vez o recado: “o banco central norte-americano não está pronto para cortar os juros agora, mas eles devem começar a cair em algum momento neste ano”. 

“Queremos ver leituras mais baixas de inflação à frente. Precisamos de evidências de que a inflação realmente caminha de volta à meta de forma sustentável”, disse Powell, acrescentando que o Fed não está buscando a inflação exatamente na meta de 2% para começar a cortar os juros. 

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Antes do todo poderoso do Fed começar a responder às perguntas dos deputados, o mercado via 72,8% de chances de os juros começarem a cair em junho. Conforme ele foi falando, essa possibilidade foi caindo e está agora em 69,1%, de acordo com dados compilados pelo CME Group. 

A redução da confiança em juros menores em junho veio acompanhada de outros movimentos do mercado, que digeriam as declarações de Powell. 

O ouro atingiu o maior patamar de todos os tempos, o dólar perdeu força lá fora e os yields (rendimentos) dos títulos de dívida de dez anos e dois anos do governo norte-americano renovaram mínimas. Por aqui, o Ibovespa renovou uma sequência de máximas intradiárias. Acompanhe nossa cobertura ao vivo dos mercados.

O que mais o todo poderoso do Fed disse hoje

Além de falar sobre a trajetória dos juros e reconhecer que a inflação está desacelerando, Powell, disse não ver evidências de um risco particular de a economia dos EUA entrar em recessão no curto prazo. 

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Aos deputados, o todo poderoso do Fed disse esperar que o crescimento da atividade continue em ritmo sólido, embora tenha reconhecido que sempre há uma possibilidade de contração econômica.

Powell acrescentou que o BC dos EUA ainda considera possível que a inflação seja controlada sem deteriorar o mercado de trabalho e o crescimento econômico, fenômeno conhecido como soft landing ou pouso suave.

Mas nem tudo são flores na economia norte-americana. Powell chamou atenção para o mercado imobiliário, afirmando que o setor representa um problema sério para bancos norte-americanos, embora considere os riscos administráveis.

Segundo o chefe do Fed, algumas instituições financeiras estão mais vulneráveis que outras e o BC trabalha nessa questão para evitar problemas entre os bancos. Vale lembrar que em março do ano passado, os bancos regionais assustaram os mercados ao entrar em colapso.

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Powell também falou sobre a inteligência artificial no mercado de trabalho. Segundo ele, a IA pode aumentar a demanda por trabalho ou substituí-lo, acrescentando que não está claro agora o que prevalecerá.

Powell disse que, ao longo do último ano, a produtividade tem mostrado quadro positivo no mercado de trabalho norte-americano, mas ponderou que pode ser influência dos ajustes após o choque da pandemia de covid-19.

*Conteúdo em atualização

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