Prestes a completar sete meses de confronto, os conflitos no Oriente Médio podem estar a um passo da trégua. O grupo extremista Hamas concordou nesta segunda-feira (6) com um possível cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza.
A proposta foi elaborada pelo Catar e pelo Egito, que mediam a negociação entre o grupo e o governo israelense. Porém, os detalhes do potencial acordo não foram divulgados.
Segundo o canal de notícias Al Jazeera, o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, informou o primeiro-ministro do Catar e o chefe da inteligência do Egito sobre a aceitação da proposta em ligação telefônica.
“O irmão mujahid Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político do movimento Hamas, conversou por telefone com o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, e com o ministro egípcio da Inteligência, Abbas Kamel, e os informou da aprovação do movimento Hamas à sua proposta relativa ao acordo de cessar-fogo”, disse o grupo, em comunicado acessado pela rede árabe Al Jazeera.
Segundo a agência, um responsável do Hamas afirmou que “a bola [está] agora no campo de Israel”. Até o momento, não há uma decisão oficial do governo israelense sobre aceitar ou não o acordo de cessar-fogo.
Porém, o porta-voz em língua árabe do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Ofir Gendleman, afirmou que enviará uma equipe de negociação para o Cairo para discutir a potencial trégua nos conflitos.
“Embora a proposta do Hamas esteja longe dos requisitos necessários de Israel, Israel enviará uma delegação aos mediadores para esgotar a possibilidade de chegar a um acordo em condições aceitáveis”, escreveu Gendleman, no X.
Vale lembrar que esse não seria o primeiro acordo de pausa nos combates em Gaza. Em novembro do ano passado, Israel e Hamas concordaram com um cessar-fogo, com troca de reféns e liberação da entrada de ajuda humanitária na região.
Porém, a trégua temporária esteve entre idas e vindas, já que os dois lados trocavam acusações de descumprimento do acordo.
O cessar-fogo do Hamas e a invasão de Rafah
O cessar-fogo está sendo articulado em um momento em que Netanyahu planeja a invasão por terra da na cidade de Rafah, no sul de Gaza — em uma ofensiva prometida há semanas pelas forças armadas israelenses.
Apesar da negociação de uma possível trégua, o gabinete de guerra de Israel decidiu seguir em frente com a ofensiva em Rafah.
“Israel continuará a operação em #Rafah para exercer pressão militar sobre o Hamas, a fim de avançar na libertação dos nossos reféns, destruir as capacidades militares e governativas do Hamas e garantir que Gaza não representa uma ameaça para Israel no futuro”, escreveu o porta-voz de Netanyahu.
Mais cedo, o Exército de Israel ordenou que mais de 100 mil pessoas fossem evacuadas de Rafah. A cidade faz fronteira com Sinai, no Egito, e atualmente abriga mais de 1 milhão de palestinos que se refugiaram no sul de Gaza.
Para Netanyahu, o local é considerado um ponto-chave para eliminar o Hamas — já que a cidade é vista como um refúgio para os integrantes do grupo extremista.
No exterior, a comunidade internacional pressiona para que a invasão de Rafah não aconteça.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) alertou no X que uma ofensiva israelense resultaria em mais sofrimento e morte da população palestina, com consequências para mais de 1,4 milhão de pessoas.
Os EUA também declararam que não apoiarão a ofensiva de Israel a Rafah porque ainda não viram um plano implementável para proteger os palestinos abrigados, segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita alertou sobre os “perigos” da iminente invasão da cidade e classificou o movimento como parte da “campanha sangrenta e sistemática de Israel para invadir todas as áreas da Faixa de Gaza e deslocar os seus residentes para o desconhecido”.
*Com informações de Reuters, AP e Al Jazeera.