O presidente da Argentina, Javier Milei, prometeu nesta segunda-feira (23) eliminar o cepo cambial do país "o mais rápido possível", durante evento na Bolsa de Valores de Nova York.
O chamado “cepo cambial” é um conjunto de regras estabelecido durante o governo de Cristina Kirchner, em 2011, para conter a saída de dólares do país. "Assim que terminarmos de limpar o desequilíbrio do Banco Central, vamos levantar o cepo cambial", afirmou Milei à imprensa presente no local.
Conforme o jornal Ámbito Financeiro, Milei argumentou que o cepo cambial poderá ser reduzido "sem nenhum problema" assim que a inflação induzida por capitais cair, porque não haverá perigos para a estabilidade macroeconômica.
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No evento, o presidente também comemorou os números de inflação na Argentina e elogiou a gestão do ministro da Economia, Luis Caputo, como a "melhor da história do país".
Vale lembrar que o presidente da Argentina já havia começado a afrouxar as regras sobre o dólar no país, mas um dado publicado nesta segunda feira pelo Banco Central da Argentina (BCRA) é mais um “sinal verde” para Milei.
Argentina e o fim do cepo cambial
Um dos problemas de se suspender o cepo cambial de supetão seria um possível ataque especulativo contra o peso argentino.
Recapitulando, a Argentina possui uma série de câmbios diferentes, usados para as mais variadas finalidades — desde a venda de vinho para o exterior, até o turismo e pagamento de plataformas de streaming, para citar alguns exemplos.
Ao retirar as restrições de uma vez, abre-se o espaço para uma desvalorização ainda maior do peso argentino contra o dólar. Para conter esse tipo de movimento, o Banco Central do país precisa ter moeda forte em caixa, visando frear a especulação.
E os depósitos em moeda estrangeira na Argentina ultrapassaram os US$ 24 bilhões, cerca de US$ 8 bilhões acima do nível de quando Milei assumiu a presidência do país, segundo dados do BCRA publicados hoje.
Esse resultado é atribuído a uma série de medidas de austeridade e higienização das contas públicas, promovidas pelo presidente e pelo ministro Caputo.
Contudo, vale lembrar que as reservas argentinas ainda são bastante tímidas e que a própria economia do país aprofunda uma recessão maior do que a prevista pelos analistas.
*Com informações do Estadão Conteúdo e do Ámbito Financeiro