Se você planeja se mudar para Portugal, sozinho ou com a família, mas não têm ascendência europeia, saiba que existe uma maneira legal de viver no país europeu: investir no país.
A conta é um pouco salgada, é verdade – o valor mínimo de investimento é 500 mil euros, o equivalente hoje a pouco mais de R$ 3 milhões. Mas, para famílias mais abastadas, pode ser uma saída para diversificar a carteira globalmente e obter o chamado Golden Visa.
A regra do governo português visa atrair moradores dispostos a colocar seu dinheiro no país. O investimento pode ser direto em atividades produtivas, que gerem emprego. Mas podem também ser feitos por meio de aportes em fundos que invistam em empresas e startups do país.
No mercado financeiro português há vários fundos de investimentos que são elegíveis para que os aplicadores se candidatem a obter esse tipo de visto. O dinheiro, no entanto, precisa ficar aplicado por ao menos cinco anos e o processo é burocrático. Mas, para quem tem recursos e planeja migrar, pode valer a pena.
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Gestora atua no segmento
A Heed Capital, gestora de fundos e administradora portuguesa, é uma das companhias que atuam nesse segmento. Ela administra dois fundos que são elegíveis para o Golden Visa, o Heed Top Investment Fund e o Dipalo Heed Climate Tech Fund II.
Gustavo Caiuby, sócio da Heed Capital, afirma que o Heed Top tem atualmente 5 milhões de euros sob gestão, mas o objetivo é chegar ao final do ano com 15 milhões de euros. A meta para o Dipalo é fechar 2024 com 10 milhões de euros.
O Heed Top é um multimercado, que aplica em ações e títulos de dívida de empresas portuguesas. O objetivo do Dipalo é investir em startups com foco em melhoria do clima e meio ambiente.
“Hoje, temos 250 clientes que aportaram nos fundos, a maioria são norte-americanos, mas 35% são brasileiros”, afirma Caiuby. Segundo ele, o perfil dos investidores em sua maioria é de empresários, de áreas que vão do agronegócio a gestoras de recursos.
O investimento mínimo nos fundos da Heed Capital é de 100 mil euros para o Heed Top e de 200 mil euros para o Dipalo, mas a residência em Portugal só pode ser requisitada quando o investimento chegar a 500 mil euros.
Direito é extensivo à família do investidor
Para investir em um dos fundos, o brasileiro precisa fazer uma remessa para a Heed Capital por meio do Banco Central do Brasil. Um escritório de advocacia parceiro da administradora cuida dos documentos necessários para o pedido de residência em Portugal e da burocracia para a imigração.
Com os documentos prontos, o investidor tem de ir a Portugal para registrar sua biometria e validar seu visto de residência. O mesmo investimento mínimo de 500 mil euros já vale também para o marido ou mulher e os filhos, se for o caso.
Uma das exigências é que o aplicador passe ao menos 7 dias por ano em Portugal durante o período de residência. Após cinco anos cumprindo as exigências e mantendo os recursos investidos, ele pode requerer a cidadania portuguesa. Com isso, passa a transitar livremente por todos os países da União Europeia.
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Planos de novos fundos
Segundo Caiuby, os planos da Heed Capital são ampliar os negócios com brasileiros por meio de parcerias com agentes autônomos de investimento.
Para isso, a administradora criou um modelo diferente de trabalho com os agentes autônomos. A ideia é montar novos fundos para serem negociados pelos agentes. Estes, ao invés de receber parte da corretagem das operações, ficarão com um percentual da taxa de administração do fundo, aberto de forma transparente para o investidor.
“Nossa ideia é criar um veículo (de investimento) a quatro mãos. A Heed estrutura o fundo e o agente autônomo comercializa no Brasil. Ou ele pode constituir um fundo no Brasil e esse fundo investir conosco”, conta o paulista, que está há dois anos em Lisboa.