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Vale (VALE3) e Samarco colocam mais dinheiro na mesa e propõem acordo de R$ 170 bilhões com governo por desastre com barragem em Mariana (MG)

Bento Rodrigues Mariana Samarco Vale

Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), após rompimento da barragem da Samarco, empresa da Vale e BHP.

Faltando menos de um mês para o rompimento da barragem de Fundão — tragédia que resultou em danos ambientais severos, 19 mortes e destruiu comunidades inteiras na região de Mariana, em Minas Gerais — completar nove anos, a Vale (VALE3), BHP e a Samarco comunicaram o mercado a respeito de uma nova tentativa de fechar um acordo com o governo e o ministério público.

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Em um fato relevante publicado nesta sexta-feira (18), as partes, que incluem o governo federal e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, "estão considerando os termos gerais" para celebração de um acordo definitivo.

O comunicado foi divulgado após circularem rumores na imprensa ao longo do dia de que o acordo será assinado ainda este mês, em 25 de outubro. Mas a Vale destacou que as negociações ainda estão em curso.

Os detalhes da proposta de Vale (VALE3) e Samarco

A nova proposta das mineradoras é de um total de R$ 170 bilhões para atender as pessoas, as comunidades e o meio ambiente impactados pelo rompimento da barragem.

Mas vale destacar que a cifra inclui R$ 38 bilhões já investidos pelas empresas em medidas de remediação e compensação.

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Portanto, cerca de R$ 132 bilhões representam novos pagamentos e, desse total, R$ 100 bilhões ainda poderão ser pagos aos governos federais e estaduais em parcelas ao longo de 20 anos "para financiar programas e ações compensatórias vinculadas a políticas públicas".

Os R$ 32 bilhões restantes correspondem a obrigações de execução da Samarco, incluindo iniciativas de indenização individual, reassentamento e recuperação ambiental.

Vale relembrar que a Samarco está em processo de recuperação judicial desde 2021. Por isso, a Vale, que é acionista da empresa junto com a BHP, se comprometeu a finaciar até 50% dos valores que a companhia eventualmente deixar de pagar como devedora principal.

"Considerando o valor financeiro em questão, e com base nas expectativas preliminares de saída de caixa, a Vale estima que R$ 5,3 bilhões serão adicionados aos passivos associados à reparação de Mariana nos resultados do 3T24", diz o comunicado.

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Oferta maior e de acordo com os termos do governo?

Vale destacar que a proposta é maior do que a oferta anterior, feita em junho. Na ocasião, as três empresas previam R$ 107 bilhões em dinheiro novo para as reparações da tragédia.

A cifra contrariou o governo, que já havia solicitado pagamento de ao menos R$ 109 bilhões em dinheiro novo pela Vale, BHP e Samarco.

Além disso, a proposta estipulava que o desembolso deveria ser feito nos próximos 12 anos — dentro do proposto inicialmente pela Vale, BHP e Samarco, de 20 anos, mas descontando os oito anos que já se passaram desde a tragédia. 

“O atraso precisa ser considerado no cronograma de pagamento, em respeito aos atingidos”, disse a manifestação dos entes públicos. 

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Relembre o rompimento da barragem em Mariana e detalhes das negociações

Quase uma década após o rompimento da barragem em Mariana, em Minas Gerais, as autoridades públicas e as empresas ainda não alcançaram um entendimento para a reparação dos danos causados.

Ocorrido em 5 de novembro de 2015, o rompimento de uma barragem localizada em um complexo da Samarco na zona rural de Mariana (MG) liberou no ambiente 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério.

Considerado o maior desastre ambiental causado pelo setor de mineração no Brasil, a catástrofe deixou 19 pessoas mortas e centenas de desabrigados — e deixou um rastro de destruição ao longo da bacia do Rio Doce, chegando até a foz no Espírito Santo.

Para reparar os danos causados na tragédia de Mariana, um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) foi firmado em 2016 entre o governo federal, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, a Samarco e as acionistas Vale e BHP Billiton. 

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Com base neste documento, foi criada a Fundação Renova, entidade responsável pela gestão de mais de 40 programas. Todas as medidas previstas deveriam ser custeadas pelas três mineradoras.

O objetivo da atual renegociação é selar um novo acordo que solucione mais de 80 mil processos judiciais acumulados. 

Nos processos, existem questionamentos sobre a falta de autonomia da Fundação Renova, os atrasos na reconstrução das comunidades destruídas, os valores indenizatórios e o não reconhecimento de parcela dos atingidos, entre outros tópicos.

*Com informações da Agência Brasil

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