O processo de privatização da Sabesp (SBSP3) é um dos mais aguardados pelo mercado financeiro. Em dezembro do ano passado, a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) levou vitória com a aprovação do texto que libera a desestatização da empresa de águas na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Em meio ao processo, a Sabesp recebeu nesta terça-feira (9) o aval da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) para reajustar as tarifas em 6,4469%.
O aumento dos preços dos serviços de água e esgoto pode não ser tão positivo para a população. O próprio Tarcísio afirma que a privatização da Sabesp não terá como consequência um aumento das tarifas. Porém, quando o assunto são os investidores, a história é diferente.
Na visão dos analistas do JP Morgan, o reajuste é visto com bons olhos, tendo em mente que o banco norte-americano esperava um aumento de 3,73%.
O principal fator de otimismo foi o ajuste ter sido acima da inflação — e não abaixo, como esperava o JP Morgan.
Segundo os documentos da ARSESP, o reajuste acima da inflação oficial acumulada em 12 meses até fevereiro, de 4,49%, se deve principalmente a fatores de eficiência, como índices gerais de qualidade e ajustes compensatórios diversos para compor a nova tarifa.
O novo valor passa a vigorar a partir da próxima terça-feira (10).
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Aquecendo os motores da privatização da Sabesp (SBSP3)
Assim, o banco norte-americano está otimista com os caminhos da privatização (veja o cronograma mais abaixo), reiterando a recomendação overweight (equivalente a compra) para os papéis SBSP3.
Já o preço-alvo das ações estimado pelo banco é de algo próximo a R$ 125, um potencial de alta é da ordem de 47%, levando em consideração as cotações de fechamento do pregão da última segunda-feira (8).
O aumento da tarifa acima das projeções abre espaço para que novas correções acima da inflação sejam comuns no período pós-privatização, segundo o JP Morgan.
Prós e contras
Um dos argumentos utilizados é de que a privatização traria não apenas uma melhora dos serviços, mas também uma queda nas tarifas, na visão do mercado.
Aqui no Seu Dinheiro nós já falamos dos argumentos a favor e contra a privatização da Sabesp — a análise completa você lê aqui.
Além disso, após os apagões de novembro do ano passado, a privatização da Sabesp foi muito comparada com a da Enel, que gere o serviço de luz na capital paulista e em outras regiões. Nesta outra matéria, você encontra um comparativo entre as duas privatizações.
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Confira a agenda de privatização da Sabesp (SBSP3)
Os analistas do JP Morgan dividiram o andamento da privatização em etapas. Vale lembrar que são apenas algumas estimativas de quando os eventos devem acontecer para que a desestatização aconteça dentro do cronograma do governador de São Paulo.
Sendo assim, alguns eventos podem ser antecipados ou atrasados, a depender de como o jogo político irá correr.
O CEO da companhia de saneamento paulista, André Salcedo, já afirmou que a oferta de ações poderia acontecer entre o fim de maio e início de junho. Confira as etapas a seguir:
Fase 1: Já concluída
- Reuniões com prefeitos sobre projeto de privatização;
- Notificação das prefeituras sobre alterações contratuais;
- Apresentação do projeto de lei de privatização à Alesp.
Fase 2: novembro de 2023 a fevereiro de 2024
- Aprovação do projeto de lei de privatizações pela Alesp;
- Reuniões com os municípios sobre questões específicas;
- Nomeação de representantes para o Conselho das URAEs;
- Reunião das URAEs;
- Aprimoramento regulatório, contratação dos bancos coordenadores da oferta — bem como determinar o valuation e fazer o due diligence;
- Divulgação do estudo da International Finance Corporation (IFC) com valuation e modelo de privatização;
- Waiver dos credores da Sabesp para a mudança de controle.
Fase 3: fevereiro de 2024 a julho de 2024
- 1ª reunião das URAEs
- Deliberação da Comissão de Privatizações do Estado;
- Assinatura de novos contratos com a Sabesp e uma Assembleia Geral Extraordinária para determinar um novo estatuto de governança;
- Diluição da posição do governo estadual abaixo de 50% de participação (janela entre maio e julho 2024);
- Conclusão do processo