Para qualquer praticante de musculação, a promessa de um crescimento de quase 50% nos próximos 12 meses é bastante tentadora. E é o que esperam os analistas do Goldman Sachs para a própria Smart Fit (SMFT3), que iniciaram a cobertura da rede de academias.
Logo na primeira avaliação, o banco norte-americano recomenda a compra das ações SMFT3, com preço-alvo de R$ 32,00 por ação, o que representa um potencial de alta da ordem de 48% em relação às cotações de fechamento da última sexta-feira (28).
“Acreditamos que a Smart Fit oferece um perfil de crescimento atraente, impulsionado principalmente por uma expansão orgânica gradual e consistente pela América Latina”, descrevem os analistas no relatório.
Além disso, o documento ainda dá destaque para o modelo de negócios de alta rentabilidade da Smart Fit.
“Nossas expectativas de crescimento do EPS [earnings per share ou lucro por ação] dependem menos de novas eficiências operacionais ou alavancagem e muito mais da Smart Fit continuar fazendo o que já faz: selecionar bons locais para abrir suas academias e operá-las com retornos consistentes.”
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Retornos otimistas com Smart Fit
Os analistas do Goldman Sachs estimam que a margem Ebitda (medida utilizada pelo mercado para avaliar a geração de caixa de uma empresa) deva crescer cerca de 40% por ano até 2027.
Esse crescimento deve vir na esteira de uma consolidação do mercado na América Latina. As estimativas do banco esperam que a rede atinja uma fatia de 15% do mercado de academias em 2023 (os dados mais atualizados sobre o setor são de 2019), um crescimento em relação a 2019, quando o percentual era de 13%.
Além disso, há espaço para mais crescimento, dado que apenas 4,5% da população acima de 15 anos na América Latina está inscrita em alguma academia. O número é bastante baixo em relação à Europa e Estados Unidos, onde esse percentual atinge entre 15% e 24%, respectivamente.
Modelo de negócios
Vale destacar que a Smart Fit soube aproveitar o modelo de alto valor e baixo custo de suas unidades, se valendo bastante dos chamados usuários casuais — isto é, aqueles que pagam, mas pouco aparecem para treinar.
Para aqueles que frequentam ou tem conhecidos que vão na popular rede de academias, esse pode ser um dado empírico. Mas o relatório deixa isso mais claro: registros históricos de frequência indicam que o membro médio frequenta a academia cerca de 5 vezes por mês.
Porém, o número absoluto de alunos na rede de academias no Brasil se estabilizou cerca de 15% abaixo dos níveis pré-pandemia. Apesar disso, a lucratividade da Smart Fit permaneceu praticamente estável em relação ao mesmo período.
Esse cenário se explica principalmente pelo foco na eficiência dos gastos da rede. Enquanto o custo médio cresceu cerca de 20% entre o primeiro trimestre de 2018 e o mesmo período de 2024 — a maior parte sendo mão de obra, aluguel, limpeza e manutenção —, a inflação média do período foi de 39%.
Colaterais para a Smart Fit
Mas, assim como qualquer crescimento bombado, a Smart Fit deve encontrar alguns problemas pelo caminho. Um deles, como é esperado, é a própria canibalização dos negócios.
Isso porque, dentro do modelo de expansão da rede, houve um aumento do número de academias por região, gerando uma queda no número de alunos por unidade. Na análise do Goldman Sachs, a Smart Fit deve abrir cerca de 900 novas academias no Brasil nos próximos cinco anos.
Também permanecem no radar o cenário macroeconômico geral, que poderia afetar a entrada de novos alunos — bem como as pressões do câmbio no longo prazo.
Por último, um aumento da concorrência poderia colocar em xeque a expansão da Smart Fit, pressionando as margens das unidades novas e existentes.