A Polishop está no meio da pior crise financeira de sua história. Com uma dívida de R$ 395 milhões com credores, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial. O objetivo é suspender a execução de dívidas e despejos, enquanto tenta negociar o débito milionário. O requerimento foi feito no início de maio, mas ainda não foi julgado pela 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo.
A Polishop vem tentando se blindar dos credores e evitar a retenção de valores das dívidas financeiras. Em abril, a empresa solicitou tutela cautelar, medida que antecipa efeitos da recuperação judicial. Além disso, também pediu a liberação das quantias já bloqueadas pelos bancos.
A liminar foi concedida no mesmo dia. Segundo parecer do juiz, “se todos os recebíveis forem imediatamente retidos, sem respeitar os termos contratados não haverá possibilidade de recuperação”.
Com a decisão favorável à Polishop, os bancos credores terão que devolver os valores já bloqueados da varejista. Caso o veredicto não seja respeitado, será aplicada multa diária de R$ 10 mil.
Agora, as instituições financeiras tentam reverter a decisão. Itaú Unibanco, BV, e Banco Safra fazem parte da lista de credores.
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O BV solicitou que o juiz faça uma revisão da decisão e negue a restituição dos valores já adquiridos. Procurada pelo Seu Dinheiro, a instituição não retornou até a publicação desta matéria.
Já o Itaú Unibanco pediu a anulação das multas e o reconhecimento da legalidade na retenção dos valores devidos pela Polishop.
O processo de recuperação judicial também pode dificultar o acesso dos bancões ao pagamento das dívidas.
Com a aprovação do pedido, a Polishop traçará um plano de reestruturação da empresa, que determina as prioridades de pagamento.
Caso os bancos não entrem na “fila prioritária”, podem demorar ainda mais para receber os valores devidos.
Confira a lista dos principais credores financeiros da Polishop:
- Laqus (R$ 52,6 milhões)
- BMP Money Plus (R$ 26,6 milhões)
- Banco do Brasil (R$ 24,5 milhões)
- Bradesco (R$ 11,3 milhões)
- Itaú (R$ 9,5 milhões)
- Sofisa (R$8,7 milhões)
- Banco Safra (R$ 5,1 milhões)
- Banco Original (R$ 4,6 milhões)
- Daycoval (R$ 4,6 milhões)
- BV (3,6 milhões)
A queda da Polishop
Os problemas da varejista são de longa data. Já em 2020, com a pandemia do coronavírus, a Polishop teve que demitir cerca de 2 mil funcionários.
A reabertura após o fim da crise sanitária não foi o suficiente para impulsionar os negócios. A empresa passou de 280 lojas físicas para 49 nos últimos quatro anos.
Em 2022, a varejista passou a ser alvo de processos e de ordem de despejo dos shoppings, onde a Polishop mantinha as lojas, por falta de pagamento de aluguéis.
Até agora, a empresa já fechou mais de 100 estabelecimentos e possui mais de 50 ações de despejo.
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Segundo informações do Valor Econômico, os sócios da Polishop chegaram a injetar recursos de ativos vendidos para equilibrar o capital da empresa em 2022 e 2023.
De acordo com o fundador da empresa, João Appolinário, a crise financeira foi impulsionada pela alta dos juros e a queda da demanda de produtos para serviços do lar.
Em entrevista para o IstoÉ Dinheiro, o empresário havia revelado que planejava entrar no mercado de franchising e fazer aporte de R$ 50 milhões para iniciar processo de recuperação da companhia.
Agora, caso a Justiça de São Paulo aceite o pedido de recuperação judicial, a rede de varejo terá suas dívidas congeladas durante 180 dias.