Os agentes do mercado financeiro ainda estão céticos em relação à permanência da meta de resultado primário equilibrado nas contas públicas em 2024.
Segundo pesquisa do BGC, apenas 35% dos consultados acham que a meta seguirá inalterada ao longo de todo ano, enquanto os 65% restantes preveem algum tipo de mudança.
A maioria dos entrevistados (56%) espera que sejam apresentados cortes entre R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões, em medidas que incluem contingenciamento e bloqueio de despesas. Cerca de 44% esperam R$ 13 bilhões ou mais.
Do total de entrevistados, 46% acreditam que a meta fiscal de 2024 será alterada no quarto trimestre, enquanto 19% acham que a revisão virá um pouco antes, no terceiro trimestre.
A pesquisa, feita entre os dias 4 e 8 de julho, colheu as opiniões de 40 instituições, sendo 58% gestoras de ativos, 32% bancos e 10% outros tipos de instituição.
Mais de dois terços das pessoas que responderam à pesquisa são gestores e traders, e os demais são economistas ou analistas.
Ainda de acordo com a pesquisa, o contingenciamento de R$ 10 bilhões teria um efeito neutro para 57% dos entrevistados. Já reduções da ordem de R$ 5 bilhões ou zero — isto é, nenhum corte nas despesas — geraria uma reação mais negativa (62%) e muito negativa (89%) nos mercados, respectivamente.
Há espaço para mais cortes para cumprir a meta fiscal?
Ainda que as chances de um corte maior que R$ 10 bilhões não estejam sendo aventadas pela maioria dos entrevistados, quaisquer reduções de gastos acima desse valor seriam muito bem vistas pelo mercado.
Por exemplo, para uma redução de R$ 15 bilhões (que pode acontecer para 17% dos entrevistados), a reação do mercado seria positiva para 68% dos entrevistados.
Já para um corte de R$ 20 bilhões (14% dos entrevistados acredita que pode acontecer), a reação dos mercados seria muito positiva para 70% dos ouvidos pelo BGC.
Corte de gastos
Vale lembrar que, recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um pronunciamento sobre o arcabouço e metas fiscais.
O anúncio foi feito diante da estratégia do governo de mudar a comunicação para conter a escalada do dólar e estancar o mau humor do mercado, que desconfia da potência das medidas de ajuste das contas públicas.
O detalhamento dessa redução só será feito após os ministérios envolvidos serem comunicados e há expectativa de que esse movimento seja refletido na execução orçamentária deste ano, a depender da necessidade de ajuste apontada pelo próximo relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, que será divulgado em 22 de julho.