O resultado do IPCA-15 de setembro surpreendeu o mercado. A prévia da inflação oficial no Brasil desacelerou de 0,19% para 0,13% na passagem de agosto para setembro.
O dado vem à tona uma semana depois da decisão do Banco Central (BC) comandado por Roberto Campos Neto dar início a um novo ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic).
Já no que se refere ao acumulado em 12 meses, o índice desacelerou de 4,35% para 4,12%, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O resultado do IPCA-15 de setembro contrariou as estimativas dos analistas.
Estimativas coletadas pelo serviço de notícias em tempo real Broadcast apontavam para uma aceleração da inflação na leitura mensal, para 0,28%, e de uma desaceleração menor no acumulado em 12 meses, para 4,28%.
“É um número que tem uma qualidade boa. Uma surpresa espalhada por todos os segmentos”, disse Lucas Barbosa, economista da AZ Quest.
Ainda assim, algumas surpresas foram melhores que outras. Chamaram a atenção as variações dos preços de serviços e alimentação.
A inflação de serviços ficou em 0,17%, abaixo da projeção de 0,37% da AZ Quest.
Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,22% mesmo com o mercado de trabalho aquecido e os salários em alta. A projeção era de 0,38%.
Para Lucas Barbosa, trata-se de uma nova dinâmica, com a atividade forte e alguns subitens de serviços variando abaixo da média histórica.
Ainda não se trata de uma situação confortável, porém. Na comparação anual, a inflação acumulada de serviços está em 4,8% e existe uma pressão altista sobre ela.
A prévia da inflação oficial de setembro traz algum alívio no que se refere à atuação do Banco Central (BC). Ainda mais após o aumento da taxa Selic de 10,50% para 10,75% ao ano.
Sozinho, IPCA-15 não muda projeções em relação aos juros
De qualquer modo, o IPCA-15 sozinho não deve mudar as projeções de continuidade do aperto monetário.
“O BC não vai mudar a cabeça por um dado apenas. Vai olhar o conjunto”, disse Barbosa.
Ele chama a atenção para a importância das projeções do Relatório Trimestral de Inflação, com divulgação prevista para amanhã.
“Além disso, nos próximos dias teremos dados de emprego, que esperamos que venham fortes. Então é colocar tudo isso na balança, ponderar e analisar.”
O fato é que a prévia já leva algumas casas a avisarem que as projeções para o IPCA cheio de setembro vai cair.
“Nossa projeção para o IPCA de setembro, de 0,59% na comparação mensal, será revisada para baixo”, disse Bruno Balassiano, do banco BTG Pactual.