A inteligência artificial (IA) é sem dúvidas a nova fronteira da tecnologia. Cada empresa busca fazer aplicações diferentes de modelos que podem gerir desde grandes bases de dados até prever modelos econômicos. Porém, há diversas barreiras que podem atrapalhar no andar dessa carruagem virtual.
Em um relatório publicado nesta segunda-feira (15), a S&P Global dissecou o relatório ambiental do Google, controlado pela Alphabet, publicado em 2 de julho.
Vale lembrar que, em 2019, a gigante da tecnologia se comprometeu a zerar as emissões líquidas de gases estufa até 2030. Porém, quatro anos após o estabelecimento dessa meta, houve um crescimento de 48% das emissões entre 2019 e 2023.
O Google atribui esse aumento à demanda por data centers em regiões "difíceis de descarbonizar", como Ásia-Pacífico, além da demanda por produtos de IA.
Voltando alguns passos, modelos de IA precisam de grandes bases de dados para serem treinadas. Essas informações são armazenadas em data centers longe dos países onde são desenvolvidas e trabalhadas.
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Inteligência artificial e a demanda por energia
Vale destacar ainda que toda cadeia de inteligência artificial (dos data centers até o trabalho com esses dados) consome energia elétrica de maneira quase ininterrupta.
Com isso, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) projetou que a demanda por eletricidade poderia dobrar até 2026 em relação aos níveis de 2022 devido ao aumento do uso de data centers.
“Data centers usam de 10 a 40 vezes mais energia por metro quadrado do que um edifício de escritórios típico”, dizem os analistas do S&P. Já as projeções para 2024 dão conta de que a receita da indústria de data centers ano a ano deve crescer 14% na Europa e 18% nos EUA.
Os países onde os data centers estão utilizam, majoritariamente, a queima de carvão e petróleo para gerar energia, fontes altamente poluentes. Inclusive, análises mais aprofundadas sugerem que a demanda por esse serviço está mantendo em operação muitas usinas de carvão que poderiam ser desativadas.
Não é só o Google
A pegada de carbono da Microsoft também está caminhando na direção contrária desde que a companhia se comprometeu a zerar as emissões de carbono.
De acordo com o relatório de sustentabilidade de maio, as emissões da empresa aumentaram 29% desde que estabeleceu uma linha de base em 2020. Da mesma forma, devido à expansão da pegada de data centers.
Vale dizer que o Google já afirmou que a expansão da IA generativa permitirá que a empresa e seus clientes acelerem tecnologias que podem reduzir as emissões.
Contudo, até o momento, não há evidências de que tecnologias novas ambientalmente corretas e voltadas para fontes de energias renováveis estejam sendo aceleradas por meio da IA generativa.
Se a inteligência artificial vingar…
Essa tendência pode resultar em um aumento das emissões de gases de efeito estufa até 2030, na direção contrária da expectativa de emissão zero do Google.
Para tentar superar esse problema, o Google recentemente introduziu uma "taxa de transição limpa", que reúne os clientes com provedoras de energia para ajudar a financiar novos projetos de geração limpa — porém, nos Estados Unidos.
A empresa também anunciou novos investimentos na Ásia, incluindo a construção de 1 GW de nova capacidade solar em Taiwan.
Além disso, uma pesquisa da empresa mostra que é possível reduzir a energia necessária para treinar IA em até 100 vezes e as emissões associadas à IA em até 1.000 vezes.
Uma das alternativas para lidar com as emissões de IA é transferir servidores de data center para processadores mais eficientes, e é o que o Google vem fazendo.
Mesmo com o aumento das emissões, o Google busca usar apenas fontes de eletricidade sem carbono, com 10 regiões de rede de suas operações atingindo pelo menos 90% de energia sem carbono.
Por fim, a gigante de tecnologia afirmou que manteve uma média global de 64% de energia livre de carbono. A empresa também solicitou a seus maiores fornecedores de manufatura que se comprometam com uma correspondência de 100% de energia renovável até 2029.