O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer menos que o esperado no curto prazo e melhorar mais que o previsto no médio prazo. A análise consta da revisão anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) a respeito da economia brasileira, conhecida como Artigo 4
De acordo com as estimativas mais recentes do FMI, o PIB do Brasil deve crescer 2,1% em 2024 e 2,4% em 2025.
Há um mês, quando o Fundo publicou o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), as estimativas eram de crescimento de 2,2% neste ano e de 2,1% para o ano que vem.
"Nos últimos dois anos, a economia brasileira demonstrou notável resiliência, com a inflação recuando para o intervalo da meta. O corpo técnico do FMI prevê que o crescimento modere no curto prazo, antes de se fortalecer e alcançar 2,5% no médio prazo", afirmou o FMI.
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FMI vê Brasil beneficiado por reforma tributária
A avaliação do FMI é de que os riscos para as perspectivas de crescimento melhoraram desde o ano passado, e de que a reforma tributária, voltada à simplificação dos impostos, deve contribuir para melhorar a atividade econômica e a geração de emprego.
No entanto, o Fundo pondera que os efeitos macroeconômicos e fiscais adversos da calamidade das enchentes no Rio Grande do Sul "ainda são incertos".
"Um sistema financeiro sólido, reservas cambiais suficientes, a baixa dependência de endividamento em moeda estrangeira, as grandes reservas de caixa do governo e a taxa de câmbio flexível continuam a respaldar a resiliência do Brasil", acrescentou.
FMI também melhora projeções para juros e inflação
As previsões do FMI para a inflação brasileira melhoraram.
Se antes a estimativa era de alta de 4,1% do IPCA ao final deste ano, agora a projeção é de 3,7%, com a taxa convergindo à meta de 3% na primeira metade de 2026.
O fundo considera que o ritmo "cuidadoso de relaxamento da política monetária tem sido adequado e compatível com o sistema de metas de inflação".
Também destacou que é prudente o Banco Central "manter a flexibilidade quanto ao ritmo e à duração do ciclo de redução dos juros", tendo em vista que o mercado de trabalho segue aquecido e que as expectativas de inflação estão acima da meta.
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No fiscal, FMI dá uma no cravo e outra na ferradura
O FMI também elogiou as iniciativas do governo federal para reduzir o déficit nas contas públicas.
No entanto, o Fundo ressaltou que as medidas adotadas precisam levar em consideração não apenas o aumento da arrecadação, mas também a redução de despesas.
"Eliminar renúncias tributárias ineficientes, ampliar a base tributária e enfrentar a rigidez dos gastos abririam espaço para políticas prioritárias e para responder a choques e, ao mesmo tempo, apoiar a sustentabilidade da dívida pública", acrescentou.
"Para posicionar a dívida pública em uma trajetória firmemente descendente e abrir espaço para investimentos prioritários, o corpo técnico do FMI recomenda um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso, apoiado por medidas que visem tanto a receita como a despesa e um marco fiscal reforçado", afirmou o FMI.