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Rodolfo Amstalden: Daqui a pouco saberemos se estávamos certos

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), fala num púlpito com a bandeira americana ao fundo diário de bordo

Jerome Powell

Sentiu um frio na espinha ao acordar pela manhã? Pois é meu amigo, finalmente chegou a Super Quarta. Ou será que não chegou?

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Durante um bom período entre o fim do ano passado e o comecinho de 2024, este 20 de março foi oferecido aos deuses em troca do pivô formal do Fed.

O tão sonhado dia em que a taxa básica de juros dos EUA passaria a cair, e no qual os ativos de risco voltariam a tomar conta da pista de dança.

A data em si foi adiada, quiçá para 12 de junho ou 31 de julho. Mas o capricho do calendário é o que menos importa agora.

As hipóteses após a decisão do Fed

Por ora, as discussões que fazem preço no mercado foram capturadas por um novo dilema estrutural.

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Estamos diante de um clássico "small sample problem", sujeira estatística associada a sazonalidades do 1T?

Ou se trata realmente de um repique inflacionário?

Eu tenho uma leve tendência a apostar na primeira hipótese, de mera distração estocástica em meio a um processo desinflacionário verdadeiramente confiável.

No entanto, reconheço e respeito as evidências causais associadas à segunda hipótese, incluindo uma nova configuração geopolítica global, o vagaroso processo de nearshoring, barreiras à imigração e a surpreendente constatação de iminentes limitações de mão de obra (taxas de fertilidade em queda vertiginosa no mundo todo), talvez antes que a singularidade da "AI working force" venha nos salvar.

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Juros e inflação nos EUA

Quase paralisado em meio a esses cenários dicotômicos, prefiro me referenciar na abordagem sábia e paciente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan.

Por que o Fed deveria tomar essa decisão agora, sob um alto grau de incerteza, se ele pode perfeitamente aguardar mais dois ou três meses e decidir com outro nível de confiança?

Afinal, o payoff que se apresenta é completamente assimétrico.

Cortar juros agora diante de um eventual repique inflacionário seria absolutamente desastroso em termos de reputação para a política monetária, e exigiria um esforço contracionista duas vezes pior depois, para tentar resgatar a ordem a fórceps.

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Por outro lado, a julgar pela força quase miraculosa da economia americana, não cortar agora traria poucos problemas de aterrissagem.

Nesse sentido, a decisão do Fed de esperar alguns meses parece simplesmente melhor e mais sensata, sob um olhar apriorístico.

Sem dúvida, é a perspectiva racional, e acho que é o que vai acontecer. Ainda assim, não temos qualquer segurança de que vai dar certo.

Rentabilidade esperada não é garantia de rentabilidade futura.

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