A semana começa levemente positiva para os mercados financeiros internacionais. Os investidores repercutem um inesperado corte de juros na China enquanto avaliam o cenário gerado pela saída de Joe Biden da corrida pela Casa Branca.
Houve quem se surpreendesse, mas a desistência soa como o desfecho lógico da sucessão de fatos novos que inviabilizou a candidatura.
No exercício da função, Biden não fez nada que não se esperasse dele ao longo do mandato. Na era dos memes, porém, o presidente norte-americano não conseguiu esconder dos fotógrafos e dos cinegrafistas que algo não ia bem com sua saúde.
Entre aliados, isso não o impediu de levar as primárias com um pé nas costas. Até porque o sistema político norte-americano dificulta bastante a ascensão de dissidência interna contra um presidente no cargo. O problema foi quando Biden ficou exposto fora dos círculos democratas.
A ficha dos aliados de Biden caiu apenas no debate contra Donald Trump. O péssimo desempenho do presidente norte-americano diante do rival desencadeou pressões para que ele desistisse, embora não houvesse um plano B.
Eis que o atentado contra Donald Trump surgiu como um fato novo com poder para definir o rumo das eleições com quase quatro meses de antecedência.
Não foram apenas as chances de Biden que diminuíram. A percepção de que ele seria capaz de reagir caiu por terra.
Logo em seguida, um diagnóstico de covid-19 paralisou a campanha de Biden enquanto Trump abria vantagem nas pesquisas de intenção de voto.
Foi a gota d’água. Biden anunciou sua desistência no domingo e declarou apoio à candidatura de sua vice, Kamala Harris. Uma decisão desesperada e sem garantia de sucesso. Uma aposta no poder dos fatos novos.
A 100 dias das eleições, pesquisas indicam que Kamala tem mais chances de vencer Trump do que Biden. Mas ela não está sozinha no páreo nem é unanimidade entre os caciques democratas.
Diante disso, embora Kamala seja a favorita para substituir Biden na disputa contra Trump, a ausência de um plano B claro tende a manter algum suspense até a Convenção Nacional do Partido Democrata, prevista para ocorrer apenas daqui a um mês.
Para além do cenário eleitoral norte-americano e dos juros chineses, os investidores também repercutem hoje o acordo de leniência da Qualicorp.
Enquanto isso, a agenda da semana terá seu ápice na sexta-feira, com o último dado do PCE antes da reunião de política monetária do Fed.
Antes disso, os investidores aguardam os balanços da Vale, do Santander, da Alphabet (dona do Google) e da Tesla, além do IPCA-15 e das contas do governo central.
Confira aqui o calendário de indicadores e eventos desta semana.
O que você precisa saber hoje
ENTREVISTA EXCLUSIVA
Bradesco Asset revela cinco apostas em ações para lucrar na bolsa brasileira — e um setor para manter distância. Ao Seu Dinheiro, Rodrigo Santoro Geraldes conta que a gestora também possui quatro apostas na carteira de ações fora do Ibovespa.
DE OLHO NO FISCAL
A luta de Haddad pelo déficit zero: Governo deve anunciar corte temporário de R$ 15 bilhões em gastos no Orçamento. Dos R$ 15 bilhões a serem suspensos, cerca de R$ 11,2 bilhões serão bloqueados, enquanto os outros R$ 3,8 bilhões serão contingenciados.
POLÍTICA MONETÁRIA
O plano de Campos Neto para sabotar a economia do Brasil por meio do Banco Central, segundo o PT. Ao dar estocadas no chefe do BC, o partido avaliou que “o bolsonarismo está sem discurso” após o caso de desvio de joias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
UMA DÉCADA DEPOIS…
Qualicorp (QUAL3) anuncia acordo de leniência de até R$ 43,5 milhões — e pode exonerar culpa do fundador em investigações de caixa 2 em 2014. O conselho de administração da empresa aprovou um acordo de leniência para colocar fim às investigações nas Operações Paralelo 23 e Triuno.
Boa segunda-feira e uma excelente semana para você!