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O choque da Geração Z no mercado de trabalho: por que eles estão sendo demitidos em massa?

Mão tocando telas em tons azulados

Parece que a conta chegou para a Geração Z, também conhecida como "Gen Z."

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Uma pesquisa da Intelligent.com com quase 1.000 líderes nos EUA revelou que seis em cada dez empregadores demitiram recém-formados dessa geração poucos meses após a contratação, citando problemas como falta de motivação, iniciativa, profissionalismo e habilidades de comunicação.

Cerca de 75% das empresas relataram que alguns ou todos os recém-contratados foram insatisfatórios, e mais da metade dos gestores acredita que esses jovens estão despreparados para o mercado. Além disso, 20% dos empregadores afirmaram que os novos colaboradores não conseguem lidar com a carga de trabalho, o que faz muitos reconsiderarem futuras contratações de graduados.

Para quem ainda não está familiarizado com o termo Gen Z, ele se refere aos nascidos entre 1997 e 2012, uma geração que cresceu com a tecnologia e a internet como partes essenciais de suas vidas.

Não é a primeira vez que falo sobre eles. Essa geração já liderou movimentos como quiet quitting, lazy girl jobs e bare minimum Mondays. Além disso, arrisco dizer que são os primeiros a demandar programas de saúde mental nas empresas e a falar abertamente sobre o desinteresse em seguir uma carreira tradicional, temas já explorados em colunas anteriores.

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Vale lembrar que generalizações ajudam em algumas análises, mas não deveriam ser tomadas como verdades universais. Já conheci pessoas de outras gerações que poderiam ser facilmente classificadas como Gen Z, e o inverso também é verdadeiro.

Por isso, podemos expandir a análise para além das gerações e mergulhar na compreensão dessa "persona", que agrega características como hiperconexão com a tecnologia, desinteresse por cargos de liderança, dificuldades em comunicação e relacionamentos interpessoais, além de falta de motivação e iniciativa.

Dito isso, vamos analisar o que está em jogo.

O que tem sido positivo no que é atribuído à Geração Z?

Enxergo com bons olhos o movimento liderado por essa geração. Se antes o burnout era normalizado nas empresas, hoje ele é um dos grandes desafios a ser combatido pelos RHs. Não consigo ver um lado negativo nisso. Um sistema nervoso equilibrado deveria ser uma prioridade para as organizações.

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Pessoas com saúde mental em dia são mais produtivas. No entanto, precisamos ter cuidado para não banalizar o uso de termos médicos e psicológicos, como burnout, e transformar qualquer problema em uma questão de saúde mental. Já falei sobre isso aqui.

Outro movimento puxado pelos Zoomers é a ideia de que uma carreira não precisa seguir o caminho tradicional de crescimento vertical, onde o topo seria um cargo de liderança. Eles também impulsionaram demandas por formatos de trabalho mais flexíveis e por múltiplos empregos.

Para mim, isso é libertador. Quantas pessoas não se viam nos modelos rígidos de carreira, mas precisavam se adequar a esses ideais?

Novos formatos de carreira e vínculos aumentam o engajamento e a retenção, não só entre os jovens, mas também entre outros grupos que buscam mais flexibilidade e alternativas de trabalho.

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E o lado negativo?

Com fácil acesso à tecnologia e às redes sociais, tudo é midiático.

As redes sociais transformaram o comportamento da sociedade, com os jovens liderando essa mudança. A "grande resignação" de 2021, marcada por altas demissões voluntárias, teve a Geração Z como protagonista, com centenas de vídeos no TikTok mostrando ou relatando suas saídas das empresas.

O impacto disso é claro: a percepção de que essa geração tem dificuldade em lidar com conversas difíceis e em definir o que deve ser tratado de forma privada. A consequência dessa postura de expor tudo nas redes sociais é o reforço de estigmas dos Zoomers, além do custo reputacional individual.

Uma possível explicação para essa falta de iniciativa é que essa geração foi moldada por algoritmos. Eles cresceram em plataformas digitais que sugerem tudo: se compram A, o sistema recomenda B; se assistem a I, a próxima série indicada é II, e assim por diante.

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Agora, imagine-se sem um "co-piloto" para indicar o próximo passo?

Talvez estejamos vivendo a era dos atalhos, do mínimo esforço. Quando esses jovens se deparam com a vida real – sem algoritmos para sugerir o próximo movimento durante uma reunião com o chefe ou como lidar com um conflito no ambiente de trabalho – eles parecem "travar."

Qual o grande desafio para a Geração Z?

Para mim, como um típico millennial, o grande desafio foi ressignificar o trabalho como uma parte importante da vida, mas não a única. Já os Zoomers, em minha opinião, enfrentarão o dilema de se descobrirem além da tecnologia.

Se a pergunta que define minha geração é: "quem sou eu sem minha profissão?", arrisco dizer que, para a Geração Z, será: "quem sou eu sem a tecnologia?"

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Ao analisar as razões pelas quais tantos Gen Z estão sendo demitidos, um possível motivo seria o "lado sombra" criado pelo uso excessivo de tecnologia, que pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais — essenciais no ambiente profissional. Os principais fatores apontados na pesquisa ilustram bem essa questão.

E, como a tecnologia atravessa todas as gerações, deixo a mesma pergunta para você, leitor: quem é você sem a tecnologia?

Até a próxima,

Thiago Veras

PS. As teses do texto foram construídas com a ajuda e validação de dois Gen Z da Empiricus: Thais Pinheiro e Amaury Fonseca

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