No desfile dos balanços corporativos, o Banco do Brasil (BBAS3) surgiu como grande destaque ao registrar lucro líquido recorde em 2023. Além disso, superou os concorrentes privados em rentabilidade no quarto trimestre e ainda anunciou um aumento dos dividendos.
Mesmo assim as ações do BB atravessam o samba no pregão desta sexta-feira. Por volta das 11h55, os papéis do banco (BBAS3) recuavam 2,22%, a R$ 57,24. Afinal, o que está acontecendo?
Bem, para responder a essa pergunta é preciso ir além do lucro líquido e analisar um balanço como uma espécie de escola de samba. Em outras palavras, o lucro líquido é apenas um dos aspectos — o mais importante, sem dúvida — que o mercado avalia.
O problema é que em outros "quesitos" as notas do balanço do Banco do Brasil não foram assim tão brilhantes, pelo menos de acordo com os analistas que cobrem as ações.
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Banco do Brasil (BBAS3): mãozinha argentina
O primeiro número que chama a atenção no resultado do quarto trimestre do Banco do Brasil é a contribuição do banco argentino Patagonia.
Com a desvalorização do peso, o banco teve um ganho com a variação cambial sobre o resultado dos títulos atrelados ao dólar.
Esse efeito puxou a margem financeira e foi responsável por 20% do resultado do Banco do Brasil no quarto trimestre, de acordo com o JP Morgan.
Além disso, o lucro do BB contou com uma ajuda da alíquota efetiva menor de imposto de renda, segundo os analistas.
O Banco do Brasil também perdeu nota na avaliação do mercado no quesito provisões para calotes, que cresceram além do esperado. Aliás, o índice de inadimplência do BB apresentou alta no trimestre, na contramão dos principais concorrentes.
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Bom guidance para 2024
Apesar do escorregão nas categorias mais "técnicas" do balanço, o Banco do Brasil deixou uma boa impressão na perspectiva para 2024.
Isso porque o BB deve manter o ritmo de crescimento e lucratividade em alta, de acordo com a estimativa (guidance) que a administração divulgou junto com os resultados.
"Embora as tendências operacionais tenham sido mais fracas no 4T23, os dividendos mais elevados e o guidance sólido provavelmente serão recebidos de forma positiva", escreveram os analistas do Goldman Sachs, em relatório.