O tsunami de aversão ao risco que inunda as bolsas de valores ao redor do mundo não poupou o real e impulsiona a performance do dólar ante a moeda brasileira nesta segunda-feira (5).
A moeda americana chegou a subir mais de 2,7% e registrou um pico de R$ 5,8656 nesta manhã. De lá para cá, a alta desacelerou, mas a divisa ainda fechou em alta de 0,56% e renovou novamente o maior patamar de fechamento desde o final de 2021, a R$ 5,7412.
A desempenho refletiu a repercussão da alta de juros pelo banco central japonês e da desaceleração da economia dos EUA.
Mais cedo, o índice Nikkei despencou 12,4%. Foi a maior queda da bolsa do Japão em número de pontos (4.451,28) em apenas um dia e o pior recuo desde o tombo de 14,9% em 20 de outubro de 1987.
E, apesar de o mercado de ações de Tóquio ter sido o mais afetado, o alcance do abalo financeiro é global — veja aqui três coisas que você precisa saber para entender o terremoto financeiro que derruba as bolsas hoje.
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Alta nas projeções de inflação também afeta o dólar
O mercado de câmbio também digere uma semana movimentada no âmbito macroeconônico. O boletim Focus publicado mais cedo mostrou alta nas projeções da inflação novamente em uma semana na qual os investidores aguardam a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho nos próximos dias.
No Focus, a mediana para o IPCA de 2024 subiu de 4,10% para 4,12%; para 2025 foi de 3,96% para 3,98%. A mediana das expectativas indica também que a inflação acumulada em 12 meses em março de 2026 — o fim do primeiro trimestre — deve ficar em 3,77%. Na semana anterior, a estimativa intermediária apontava um IPCA de 3,76% no período.
A mediana do relatório Focus para o déficit primário de 2024 se manteve em 0,70% do Produto Interno Bruto (PIB), distante da meta deste ano, de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou para menos. Um mês atrás, a projeção estava em 0,61%.
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O câmbio monitora ainda a situação fiscal do país. Mesmo após ter anunciado uma contenção de R$ 15 bilhões em gastos, o próprio governo espera obter um déficit primário de R$ 28,8 bilhões em 2024, exatamente em linha com o piso do alvo.
Para o dólar no fim de 2024, a mediana permanece em R$ 5,30, mas para fim de 2025 passou de R$ 5,25 para R$ 5,30.
*Com informações do Estadão Conteúdo