A relação entre Brasil e EUA ficou cozinhando em banho-maria durante quatro anos — em alguns momentos até parecia estar no ponto, principalmente quando quem ocupava a Casa Branca era Donald Trump, mas, de fato, o prato não chegou a ser servido.
Agora, com novos cozinheiros dos dois lados, as chamas dessa relação tem tudo para entregar uma refeição completa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou em Washington nesta quinta-feira (9) acompanhado de uma comitiva ministerial e da primeira-dama, Janja da Silva — eles ficarão hospedados na Blair House, residência oferecida a importantes convidados internacionais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que também acompanhou Lula em sua viagem à Argentina e ao Uruguai, no mês passado, faz parte da comitiva brasileira.
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Um encontro estilo fast-food
A passagem de Lula por Washington será rápida, mas carregada de simbolismos — vale lembrar que Jair Bolsonaro, que não foi convidado por Joe Biden para ir à Casa Branca, ainda está nos EUA.
Além do caráter político, o encontro com Biden acontece no início do terceiro mandato do petista.
Eles já conversaram por telefone duas vezes: após a vitória de Lula nas eleições de outubro do ano passado e no dia seguinte aos atos antidemocráticos ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro.
Nesta sexta-feira (10), Lula e Biden se encontrarão pessoalmente durante a tarde em uma oportunidade para colocar as relações bilaterais entre o Brasil e os EUA no ponto.
O foco da conversa deve ser a defesa da democracia após os atos antidemocráticos enfrentados por ambos os países, mas outros temas podem ser tratados, entre eles, mudanças climáticas, economia, relações comerciais e investimentos.
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Lula não dispensou a entrada
O prato principal da viagem é o encontro com Biden, mas Lula não dispensou a entrada. Na sexta-feira de manhã, o presidente brasileiro deve se reunir com parlamentares e interlocutores norte-americanos.
O governo não divulgou nomes, mas especula-se que Lula pode se reunir com representantes do partido democrata, dentre eles, o senador Bernie Sanders.
O presidente brasileiro deve ainda conversar com a imprensa norte-americana ainda na sexta-feira pela manhã. Ele retorna ao Brasil até sábado (11).
A cozinha do encontro
Lula e Biden cogitaram se encontrar ainda antes da posse do petista, em 1 de janeiro. Seria uma forma de expor o respaldo da comunidade internacional ao resultado da eleição no Brasil e tentar, com isso, arrefecer narrativas golpistas que estavam no radar de Washington desde 2021.
Não à toa, a Casa Branca reconheceu rapidamente o resultado das eleições brasileiras assim que viu o anúncio por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro do ano passado.
A reunião entre os dois presidentes não ocorreu em dezembro por incompatibilidade de agenda, e os norte-americanos sugeriram, então, que Lula viajasse aos EUA na segunda semana de governo.
Dessa vez, foi o Planalto que deu a negativa, apresentando o mês de fevereiro como a primeira data possível para o encontro.
Demonstrar apoio mútuo e discutir publicamente formas de conter o avanço de autoritarismos interessam a Biden e a Lula — os dois se apresentaram aos eleitores como alternativa ao extremismo e prometeram fazer da defesa da democracia um pilar de seus governos.