Não é de hoje que a ofensiva do Ocidente vem sendo observada de perto pela Rússia, mas um movimento recente irritou o presidente Vladimir Putin: o jogo de xadrez da França para afastar antigos aliados de Moscou.
De olho na Ásia Central, o presidente francês, Emmanuel Macron, esteve no Cazaquistão nesta semana e não poupou elogios ao país rico em petróleo e minerais, enfatizando o fato de o antigo Estado soviético se recusar a ficar do lado da Rússia contra a Ucrânia.
“A França valoriza o caminho que você está seguindo para o seu país, recusando-se a ser vassalo de qualquer potência e procurando construir relações numerosas e equilibradas com diferentes países”, disse Macron ao se dirigir ao presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, em Astana.
Macron também visitou o Uzbequistão nesta semana, com uma delegação que incluía líderes empresariais em um momento no qual a França procura forjar laços mais profundos com uma região rica em recursos naturais como petróleo, gás e urânio.
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A Rússia está de olho
Os comentários do presidente francês enfureceram a Rússia, que já observa cuidadosamete os esforços ocidentais para cortejar a Ásia Central.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse em entrevista na semana passada que o Ocidente estava tentando afastar os “vizinhos, amigos e aliados” da Rússia.
“Vejam como as potências ocidentais estão cortejando a Ásia Central. Eles criaram numerosos formatos, como ‘Ásia Central mais’, envolvendo os EUA, a UE e o Japão. Além do formato Ásia Central mais UE, os alemães criaram o seu próprio formato. Os franceses não perderão tempo e farão o mesmo”, disse Lavrov à agência de notícias BelTA.
O homem forte de Putin afirmou, no entanto, que as alianças com o Ocidente não podem ser “comparadas com os benefícios que os países da Ásia Central desfrutam da cooperação com a Rússia em áreas sensíveis como a segurança das fronteiras, a formação policial e a segurança tradicional”.
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Uma parceria tensa
O grau de fraternidade entre a Ásia Central e a Rússia é discutível. Os países da região precisam seguir uma linha tênue com Moscou, tendo o cuidado de não alienar ou antagonizar o vizinho poderoso, ao mesmo tempo que tentam forjar o próprio comércio internacional independente e políticas externas com o Ocidente e a China.
Esta posição ambivalente tem frequentemente levado os países da Ásia Central a ficarem em cima do muro quando se trata de certas questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia.
O Cazaquistão e o Uzbequistão, bem como os vizinhos Turquemenistão e Quirguizistão, estão entre os 35 membros das Nações Unidas que se abstiveram em uma resolução da Assembleia Geral da ONU condenando a anexação pela Rússia de quatro territórios ocupados na Ucrânia no ano passado. O Tadjiquistão esteve ausente da votação.
*Com informações da CNBC