O envio de armas cluster, ou bombas de fragmentação, à Ucrânia pelos Estados Unidos segue elevando a tensão da guerra contra a Rússia. Segundo informações do G1, o presidente Russo, Vladimir Putin, declarou que haverá represália caso o país invadido utilize o armamento.
"Claro, se elas forem usadas contra nós, nos reservamos o direito de tomar medidas recíprocas", disse Putin em entrevista à TV estatal. Ainda segundo o portal, o presidente da Rússia também garantiu que o país tem um "estoque suficiente" de bombas do tipo para revidar um possível ataque.
Vale destacar que as armas cluster são proibidas em 120 países. Para fornecê-las a Kiev no início de julho, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, precisou renunciar a uma lei de 2009 que proíbe munições desse tipo, já que a taxa de falha é superior a 1%.
Os artefatos são restritos e polêmicos porque podem deixar um número perigoso de bombas não detonadas em solo, e levar anos para serem desativadas com segurança. A BBC fez uma ilustração sobre o funcionamento dessas armas.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, afirmou que o uso das armas será restrito a operações de desalojamento de concentrações de soldados inimigos.
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Biden ficou sem saída para frear Putin?
Com a Ucrânia queimando estoques de armas convencionais, membros do governo Biden disseram que não havia escolha a não ser fornecer as armas cluster, apesar do perigo para os civis, principalmente crianças.
Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, afirmou que o governo continuará armando a Ucrânia enquanto os estoques de artilharia convencional diminuem.
Sullivan defendeu o uso dessas armas dizendo que a Rússia já usa essas munições desde o início da guerra.
“A Ucrânia não usaria essas munições em terras estrangeiras”, disse Sullivan. “Este é o país que eles estão defendendo. Esses são os cidadãos que eles estão protegendo e estão motivados a usar qualquer sistema de armas que possuam de forma a minimizar os riscos para esses cidadãos”, acrescentou.
A taxa de falha
As armas cluster são controversas por causa de suas altas taxas de falha, ou insucesso, o que significa que as bombas não detonadas podem permanecer no solo por anos e possivelmente explodir mais tarde.
Sullivan disse a repórteres que as armas clusters americanas tinham uma taxa de insucesso — ou seja, quando as bombas não explodem — abaixo de 2,5%, que ele descreveu como muito abaixo da taxa de insucesso das munições cluster da Rússia, que autoridades dos EUA dizem estar entre 30% e 40%.
O Pentágono observou que a Rússia já está usando bombas de fragmentação na Ucrânia com taxas de falha ainda maiores. Uma investigação das Nações Unidas descobriu que a Ucrânia provavelmente também as usou, embora o país tenha negado.
*Com informações da BBC e da Sky News