“A paciência está se esgotando e é hora de agir”. Esse foi o ultimato que o governo de Joe Biden deu para a China um dia depois de sinalizar que o gigante asiático se tornou “ininvestível”.
O recado foi dado pela secretária norte-americana de Comércio, Gina Raimondo, e forneceu uma imagem sombria de como as empresas dos EUA veem a China.
“Cada vez mais ouço das empresas norte-americanas que não dá para investir na China porque o país se tornou demasiado arriscado”, disse ela. “Assim, as companhias procuram outras oportunidades, procuram outros países, procuram outros lugares para ir”, acrescentou.
As empresas têm estado no centro de uma disputa pelo poder entre os EUA e a China. Recentemente, Pequim criticou os esforços de Washington para bloquear o acesso chinês a semicondutores avançados através de controles de exportação.
Do lado norte-americano, as companhias reclamam de tarifas, ataques e outras ações que tornaram arriscado fazer negócios com a segunda maior economia do mundo.
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A reação da China
O enfrentamento das empresas lançou uma luz dura sobre os fluxos comerciais e de investimento entre as duas maiores economias do mundo — e levou a China a responder os comentários da secretária norte-americana.
"A politização e a securitização das questões econômicas e comerciais não só afetam seriamente a relação e a confiança mútua entre os dois países, como também prejudicam os interesses das empresas e povos", afirmou Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Ele, no entanto, reforçou as declarações feitas pelo primeiro-ministro Li Qiang durante o encontro com Raimondo.
"A essência das relações econômicas e comerciais China-EUA é o benefício mútuo", disse.
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Relações mais difíceis
As duas maiores economias do mundo costumavam ser os maiores parceiros comerciais uma da outra, mas os EUA passaram a negociar mais com os vizinhos Canadá e México, enquanto a China negocia mais com o Sudeste Asiático.
Os investidores globais, que têm ficado assustados pelas repressões imprevisíveis na China a setores que vão do comércio eletrônico à educação, também têm abandonado os ativos chineses ultimamente.
As vendas externas líquidas de 82,9 bilhões de yuans (US$ 11,4 bilhões) em ações chinesas neste mês representam uma saída recorde. O investimento empresarial também está desaparecendo, com o investimento estrangeiro direto atingindo o nível mais baixo desde que os registros começaram, há 25 anos.
*Com informações da CNBC