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Paulo Guedes hermano? Quem é Luis “Toto” Caputo, apontado como favorito pelo presidente eleito Javier Milei como futuro ministro da Economia da Argentina

Luis “Toto” Caputo, de 58 anos, apontado como futuro ministro da Economia da Argentina

Luis “Toto” Caputo, de 58 anos, apontado como futuro ministro da Economia da Argentina

Apesar de ser um poeta brasileiro, Carlos Drummond Andrade ajuda a ilustrar o atual momento da história da Argentina:

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“E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?”

Mas, por lá, o “José” é substituído por Javier. Mais especificamente: Javier Milei, presidente eleito dos nossos vizinhos. Agora que a eleição passou, a festa da vitória acabou e as luzes de um novo país precisam acender, a pergunta que fica é: e agora, Milei?

Um dos nomes mais aguardados do corpo ministerial — obrigatoriamente mais enxuto, de acordo com o presidente eleito — é sem dúvidas aquele que ocupará o cargo de ministro da Economia.

E já existe uma indicação de quem possa ser esse nome: Luis “Toto” Caputo, de 58 anos, economista formado na Universidade de Buenos Aires. 

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Quem é o ministro da Economia da Argentina

As propostas de dolarização da economia, privatizações e extinção de outros ministérios, visando enxugar as contas do governo, são os versos de Milei contra o que ele chama de “casta” política. Na visão do presidente eleito, foi isso que gerou a crise atual do país.

Essas possíveis medidas soam melhor do que poesia, mas como música para os ouvidos do mercado financeiro local. E quem deve orquestrar para que isso se torne realidade é justamente Caputo.

E o economista já é um nome de grande prestígio no segmento financeiro local.

Sua passagem pelo governo de Maurício Macri como secretário de Finanças e na chefia do Banco Central (BCRA, em espanhol) do país se somam à experiência em Wall Street, tendo trabalhado como chefe de trading do JP Morgan para América Latina entre 1994 e 1998. Depois disso, liderou o Deutsche Bank na Argentina.

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O governo Macri é, inclusive, um espelho para Milei. Mas vale lembrar que a atual dívida que o país contraiu junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) foi feita durante a chefia do liberal, um empréstimo de US$ 57 bilhões, em valores de 2018.

O que vem pela frente

Mesmo com um invejável currículo, Caputo não terá pela frente um verso romântico ou um tranquilo soneto italiano — mas sim um verdadeiro poema épico, digno de Homero.

O esforço hercúleo virá para colocar de pé a economia em frangalhos da Argentina. De acordo com dados do BCRA, a inflação de outubro avançou 8,3%, acumulando alta de 142,7% em 12 meses. As projeções apontam que a inflação deva terminar o ano na casa dos 195%.

As reservas internacionais também são escassas, com cerca de US$ 21 bilhões em caixa — o que pode colocar o plano de dolarização em banho-maria, tendo em vista que o governo precisaria recomprar os pesos em circulação. Leia mais sobre a crise da Argentina aqui.

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Por fim, o próprio presidente eleito comprou briga com seus principais parceiros comerciais — estamos falando de Brasil e China. Apesar do tom amistoso no pós-eleição, as relações podem ficar comprometidas no médio prazo.

Paulo Guedes da Argentina?

A comparação — ou símile, no jargão da literatura — da última eleição da Argentina com o Brasil vai além do estilo de Milei e Bolsonaro. Isso porque o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, também foi um “pacificador” dos mercados antes do pleito. 

Entretanto, o estilo de Bolsonaro foi apontado como um empecilho para que Guedes tirasse seus planos do papel.

Por exemplo: Bolsonaro havia prometido manter o governo com 15 ministérios — com o mesmo discurso de enxugar a máquina pública —, mas o número chegou a 23 no final do mandato para acomodar interesses políticos diversos.

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Além disso, por diversas vezes, Guedes foi desautorizado pelo presidente, como na questão do chamado “imposto do pecado” — sugerido pelo ministro e barrado por Bolsonaro —, o reajuste dos servidores federais em meio a uma tentativa de conter gastos públicos, entre outros.

Dessa forma, tanto Milei quanto Caputo serão acompanhados de perto para ver se as propostas não ficarão só na prosa.

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