Difícil saber como uma companhia vai ficar depois de um delicado processo de recuperação judicial (RJ), ainda mais no caso da Americanas (AMER3), que teve um rombo de mais de R$ 20 bilhões em seu balanço e ainda tenta descobrir os culpados da fraude.
O que dá para constatar até agora é que a varejista segue diminuindo de tamanho. Foram fechadas 25 lojas em agosto, o que significa 88 lojas a menos desde o início da RJ, em setembro de 2022. Agora, a rede tem 1.794 lojas.
Segundo relatório mensal divulgado pela empresa, também foram feitas 492 demissões de 21 de agosto a 17 de setembro.
Além disso, 639 funcionários pediram demissão no período, o que significa 1.131 trabalhadores a menos, indo para 34.369 funcionários no total.
Americanas tem redução na base de clientes
Porém, os impactos na estrutura física e na força de trabalho não são os únicos, e a queda nos números de clientes ativos da Americanas se acentuou este ano.
O indicador de número de clientes ativos mede a quantidade de clientes que realizaram pelo menos uma compra ou interação com a empresa em um determinado período. Ao acompanhar esse dado, é possível avaliar a fidelidade e retenção dos clientes, direcionando estratégias.
Comparando o mês de setembro de 2022 com o mês passado, a queda é de 14,5%, com a varejista saindo de 50,2 milhões de clientes para 42,9 milhões.
A queda da base de clientes foi maior principalmente em março e abril deste ano, com perdas na ordem de mais de 1 milhão, e a média tem sido de redução de 610 mil clientes por mês.
Em agosto, foram 313,3 mil clientes ativos a menos.
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Quanto a Americanas tem no caixa?
A Americanas ainda informou que está com R$ 1,5 bilhão disponível no caixa, uma queda de 58,35% frente ao saldo inicial registrado em setembro de 2022.
Já a dívida da varejista somou R$ 20,6 bilhões ao final de agosto, crescimento de 9,7% entre setembro e dezembro de 2022.
A dívida em dólar, por sua vez, foi de US$ 1,068 bilhão (equivalente a cerca de R$ 5,3 bilhões no câmbio atual), e tem se mantido praticamente estável.
Americanas para de investir em e-commerce
Em meio à situação financeira complicada, a Americanas também vem reduzindo seus investimentos.
Em agosto, foram investidos R$ 9,6 milhões, valor 94% menor que a média de investimentos realizados entre setembro de dezembro de 2022, por exemplo, que foi de R$ 157.8 milhões.
Os dados mostram ainda que, em agosto de 2023, o canal digital não recebeu investimentos.
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Ações da Americanas despencam mais de 11%
Os números divulgados neste final de semana colaboram para a queda das ações da varejista nesta segunda-feira (02), com perdas de 11,58%, R$ 0,84, por volta das 13h05.
No ano, os papéis já acumulam perdas de 90,16% e desde a RJ, em setembro de 2022, a desvalorização é de 94,19%.
Na última sexta-feira (29), as ações chegaram a esboçar uma recuperação, subindo mais de 20% após uma trégua com o Bradesco no conflito sobre cobranças de fianças no processo de recuperação judicial.
Além disso, na semana passada, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o caso das Americanas chegou ao fim sem indiciar os possíveis culpados pelo rombo bilionário.
Parte dos parlamentares que compunham a CPI apontou uma “blindagem” ao trio de controladores da empresa (Carlos Alberto da Veiga Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Hermann Telles). O relatório final foi aprovado por 18 votos contra 8 contrários.