Um velho fantasma voltou a assombrar o Goldman Sachs nesta segunda-feira (21): o escândalo multibilionário de corrupção no fundo soberano da Malásia, o 1Malaysia Development Berhad (1MDB).
As autoridades da Malásia e dos Estados Unidos estimam que cerca de US$ 4,5 bilhões foram roubados do fundo estatal entre 2009 e 2014. O esquema global envolveu altos funcionários do governo e de bancos na Malásia e em outros países.
Apesar do acordo feito entre o Goldman Sachs e o governo malaio há dois anos, o país agora cogita entrar com um novo processo contra o banco sobre a participação da instituição no esquema.
O primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, afirma reavaliar a operação por acreditar que a quantia acordada é insuficiente. O Goldman Sachs se comprometeu a reembolsar US$ 3,9 bilhões à Malásia.
“Teremos que reabrir as negociações com o Goldman Sachs, porque eles foram cúmplices do crime”, disse o primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim, em entrevista à CNBC.
“Infelizmente, eles não foram muito acessíveis. Portanto, não teremos escolha a não ser perseguir isso.”
As ações do Goldman Sachs operam em queda nesta segunda-feira. Por volta das 15h17, os papéis GS caíam 1,18% na bolsa de valores de Nova York (NYSE), a US$ 321,10.
Além do potencial processo, os papéis do banco acompanham notícias de que o Goldman explora a possibilidade de vender uma empresa de consultoria de investimentos que comprou em 2019 por US$ 750 milhões.
O Goldman Sachs e a Malásia
Os banqueiros do Goldman foram acusados de ajudar um financista malaio a saquear bilhões de dólares do fundo soberano 1MDB.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, o Goldman teria ajudado o 1MDB a levantar US$ 6,5 bilhões em duas ofertas de títulos e ganhado US$ 600 milhões em taxas.
Em 2020, o Goldman Sachs fez um acordo com o governo anterior da Malásia, sob o comando de Muhyiddin Yassin, para retirar as acusações criminais contra o banco.
Em troca, a instituição concordou em reembolsar US$ 2,5 bilhões em dinheiro e garantir o retorno de US$ 1,4 bilhão em ativos à Malásia.
Como parte do acordo, o Goldman também seria obrigado a fazer um pagamento intercalar de US$ 250 milhões se o governo da Malásia não recebesse pelo menos US$ 500 milhões até agosto de 2022, disse o banco.
As duas partes discordam sobre se a Malásia recuperou pelo menos US$ 500 milhões até agosto de 2022 e se algum pagamento provisório era devido, afirma o Goldman.
Caso o governo malaio e o Goldman Sachs não consigam resolver o assunto, a disputa será resolvida por arbitragem.
Vale destacar que o banco se comprometeu a devolver à Malásia pelo menos US$ 1,4 bilhão em ativos recuperados até agosto de 2025.
Vale destacar que a Malásia ainda diz considerar outras opções além das ações judiciais, incluindo negociações, disse Anwar.
Anwar disse que o governo da Malásia ainda está em negociações com o Goldman Sachs, embora as discussões em andamento sejam “um pouco complexas”.
O primeiro-ministro malaio reconhece que há “outros caminhos a serem seguidos”, já que os processos judiciais nos EUA vão “nos custar uma fortuna”.
*Com informações de Reuters e CNBC