O governo de Luiz Inácio Lula da Silva ainda causa preocupação em parte do mercado financeiro. Mas, mesmo que a guinada à esquerda seja apontada como um fator negativo para a bolsa, a ação de um setor que já foi considerado um dos “patinhos feios” da bolsa pode se beneficiar: a construtora de baixa renda Tenda (TEND3).
Com mais de duas décadas de experiência no mercado, Mauricio Jonas, sócio fundador da CL4 Capital, revelou os motivos para o otimismo com a construtora durante o episódio #62 do Market Makers.
“Eu acho que as empresas podem sofrer com o governo e que, na média, vão sofrer. Mas esse segmento específico [construção civil] tem uma tendência de cauda absurda”, afirma Jonas, em entrevista aos apresentadores Thiago Salomão e Renato Santiago.
Na visão do gestor, a Tenda passou por uma verdadeira tormenta durante a pandemia e foi uma das incorporadoras que mais sentiram o ciclo de alta dos juros recente e de aquecimento da inflação no país.
“A Tenda teve um problema muito grave com a pandemia. Quando você vende um imóvel no Minha Casa Minha Vida (MCMV), esse preço de venda não pode ser reajustado. Então, durante a pandemia e o estouro de obras, dado o aumento dos preços com a inflação, a empresa teve um descasamento muito grande entre o preço de venda e o quanto ela teve que pagar pela pela mão de obra e matéria-prima”, disse Jonas, no podcast.
A empresa, que chegou a valer cerca de R$ 4 bilhões na história, chegou a um valor de mercado de cerca de R$ 300 milhões depois desses problemas. “É bizarra a destruição de valor”, afirmou.
Vale ressaltar que as ações TEND3 já registraram forte valorização em 2023. No acumulado do ano, os papéis subiram mais de 215%, negociados a R$ 13,53 no último fechamento. Atualmente, o valor de mercado da construtora é de cerca de R$ 1,56 bilhão.
Confira o bate-papo completo:
- Leia também: Tenda (TEND3) levanta R$ 234 milhões com oferta de ações na B3; saiba o que a empresa vai fazer com o dinheiro
Faria Lima pode até não gostar de Lula, mas a Tenda (TEND3) sim
A chegada de uma nova gestão à Tenda e a vitória de Lula nas eleições do ano passado fizeram a empresa chamar a atenção do gestor, ainda que de modo mais cauteloso.
Foi justamente nessa época que a CL4 começou a formar uma posição pequena nas ações da Tenda (TEND3) devido ao risco, uma vez que a melhora da empresa deveria durar até um ano e vir acompanhada de um “balanço estressado”, segundo Jonas.
De lá para cá, a gestora elevou a aposta na construtora voltada ao público de baixa renda.
“O governo Lula ganhou a eleição e veio com um mote muito forte no Minha Casa Minha Vida”, afirma.
As novas regras do programa habitacional incluem a ampliação do valor máximo dos imóveis, que subiu de R$ 264 mil para até R$ 350 mil na faixa três, para famílias com renda de até R$ 8 mil.
Além disso, o governo federal incrementou o subsídio oferecido para a população de baixa renda, com ganhos de até R$ 4,4 mil mensais, e reduziu os juros nas primeiras duas faixas.
Na visão do gestor, outro ponto positivo para a Tenda é que, apesar do aumento de competição entre as incorporadoras, a concorrência no segmento de baixa renda ainda é limitada.
É importante ressaltar que a Tenda ainda está na missão de reequilibrar o balanço e recentemente fechou uma captação de quase R$ 235 milhões em uma oferta de ações (follow-on).
Veja a conversa na íntegra. É só dar play aqui:
