No ano em que completa 80 anos, os acionistas do Bradesco (BBDC4) têm pouco a comemorar até o momento, pelo menos no que diz respeito aos balanços. O segundo maior banco privado brasileiro registrou lucro líquido de R$ 4,518 bilhões no segundo trimestre.
O resultado representa uma queda de 35,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas ficou um pouco acima do esperado pelo mercado, que projetava um lucro de R$ 4,473 bilhões.
Com o lucro menor, a rentabilidade (ROAE, na sigla em inglês) do Bradesco foi de apenas 11,1%, bem abaixo dos níveis históricos do banco.
Foi um "empate técnico" com o retorno de 11,2% do Santander Brasil, que divulgou o balanço do segundo trimestre no dia 26 de julho. Itaú e Banco do Brasil completam o pelotão dos resultados dos bancões na próxima semana.
Junto com o balanço, o Bradesco anunciou uma revisão das projeções (guidance) para os resultados no ano. Isso inclui uma redução na estimativa de crescimento do crédito e na margem financeira.
Em compensação, o banco espera agora um maior resultado com seguros e um avanço menor nas despesas.
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Bradesco: inadimplência dá novo salto
O aumento dos calotes no crédito em meio às condições mais duras da economia com a taxa básica de juros (Selic) alta segue pesando no Bradesco.
O índice de inadimplência acima de 90 dias na carteira do banco atingiu 5,9%, um salto de 0,8 ponto percentual no trimestre e bem acima dos 3,5% de junho do ano passado.
Com a alta dos calotes, as despesas com provisões para perdas no crédito (PDD) aumentaram 94,2% no segundo trimestre, para R$ 10,3 bilhões.
"A inadimplência acima de 90 dias já começou a demonstrar sinais de desaceleração no ritmo de crescimento, quando observamos os meses do segundo trimestre", escreveu o banco, no relatório que acompanha o balanço.
Seja como for, o Bradesco resolveu pisar no freio. A carteira de financiamentos do banco encerrou junho em R$ 869 bilhões, o que representa uma queda de 1,2% no trimestre e um avanço de 1,6% nos últimos 12 meses.
Como consequência, a margem financeira, que inclui as receitas do banco com crédito menos os custos de captação, subiu apenas 1,2% em relação ao segundo trimestre do ano passado.
O destaque positivo do resultado foi mais uma vez o negócio de seguros, cujo resultado cresceu 30,6% e somou R$ 4,8 bilhões.
Foi um brilho praticamente isolado, já que a receita com prestação de serviços e tarifas também decepcionou com uma queda de 2,5% na comparação com o segundo trimestre de 2022.
Já as despesas operacionais aumentaram 13,4%, para R$ 13 bilhões.
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Revisão das projeções para o ano
O ano para o Bradesco não começou bom e provavelmente não terminará muito melhor. E quem espera isso é o próprio banco.
A instituição revisou a estimativa (guidance) para várias linhas do balanço em 2023. Confira a seguir:
- Carteira de crédito expandida: de 6,5% a 9,5% para 1% a 5%;
- Margem financeira total: de 7% a 11% para 2% a 6%;
- Receitas de prestação de serviços: 2% a 6% (mantido);
- Despesas operacionais: de 9% a 13% para 7% a 11%;
- Resultado das operações de seguros, previdência e capitalização: de 6% a 10% para 21% a 25%;
- PDD expandida: R$ 36,5 bilhões a R$ 39,5 bilhões (mantido).