O ditado diz que quanto maior a expectativa, maior o tombo — e não era pouca espera pelo resultado da Petrobras (PETR4) no terceiro trimestre deste ano. Ainda mais depois que a estatal divulgou o relatório de produção trimestral no final de outubro mostrando a expansão de alguns segmentos.
Nesta quinta-feira (9), a Petrobras informou que seu lucro líquido caiu 42,2% entre julho e setembro em base anual, para R$ 26,7 bilhões. Na comparação com o segundo trimestre, a queda foi de 7,5%.
O lucro líquido recorrente, por sua vez, foi de R$ 27,2 bilhões, uma baixa de 41,5% em base anual. Em relação ao trimestre anterior, a queda foi de 7,3%.
Já a receita com vendas somou R$ 124,8 bilhões no período, resultado 26,6% menor do que o obtido em igual intervalo do ano anterior. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, no entanto, houve alta de 9,7%.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado encolheu 27,6% ano a ano, para US$ 66,2 bilhões. Em base trimestral, no entanto, subiu 16,8%.
A dívida líquida da Petrobras caiu para US$ 43,7 bilhões, um resultado 7,9% menor do que o registrado no terceiro trimestre de 2022 e 3,7% maior do que o registrado no segundo trimestre deste ano.
Já os investimentos da estatal no terceiro trimestre do ano subiram 59,2% ante o mesmo período de 2022, para US$ 3,4 bilhões.
O que explica esse resultado
Apesar dos ganhos operacionais, o lucro líquido da Petrobras foi impactado principalmente pela desvalorização do real frente ao dólar, considerando a base trimestral.
Já em termos anuais, comparação na qual a queda do lucro líquido foi mais acentuada, o resultado é justificado pela estado com a queda do Brent — usado como referência no mercado internacional — e também pela redução das margens dos derivados no exterior.
"Os números do ano passado refletiram um cenário atípico de preço alto de Brent que levaram a resultados financeiros recordes para as companhias de petróleo", diz a Petrobras.
A Petrobras explicou ainda que o aumento das receitas no terceiro trimestre em comparação com segundo trimestre se deve, em grande medida, pela valorização de 11% do Brent — usado como referência no mercado internacional — e por maiores volumes de vendas de derivados no mercado interno e de exportações de petróleo.
Dividendos da Petrobras
Como é de praxe, junto com a divulgação dos resultados trimestrais, a Petrobras anunciou também o pagamento de dividendos bilionários — cuja política de distribuição mudou em julho deste ano.
A estatal informou que seu Conselho de Administração aprovou o pagamento de R$ 17,5 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas.
A distribuição, segundo a companhia, está alinhada à nova política de remuneração aos acionistas, que prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões), a Petrobras deverá pagar 45% do fluxo de caixa livre.
Vale lembrar que os dividendos propostos já levam em consideração o valor de ações recompradas no terceiro trimestre de 2023 de R$ 974 milhões.
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Com isso, a distribuição ficou assim:
- Valor a ser pago: R$ 1,344365 por ação ordinária e preferencial, em duas parcelas, sendo a primeira no valor de R$ 0,672183 por ação ordinária e preferencial e a segunda parcela, no valor de R$ 0,672182 por ação ordinária e preferencial
- Data de corte: dia 21 de novembro de 2023 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 e o record date será dia 24 de novembro de 2023 para os detentores de ADRs negociadas na New York Stock Exchange (NYSE).
As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 e na NYSE a partir de 22 de novembro de 2023. Então você pode optar por comprar a ação agora e ter direito aos dividendos ou esperar a data de corte e adquirir os papéis por um valor menor, mas sem o direito aos proventos.
Para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3, o pagamento da primeira parcela será realizado no dia 20 de fevereiro de 2024 e o da segunda parcela, no dia 20 de março de 2024.
Os detentores de ADRs receberão os pagamentos a partir de 27 de fevereiro de 2024 e 27 de março de 2024, respectivamente.
A primeira parcela de pagamento será realizada da seguinte forma:
- Dividendos de R$ 0,243110 por ação ordinária e preferencial
- JCP de R$ 0,429073 por ação ordinária e preferencial
- A segunda parcela será integralmente paga sob a forma de dividendos
Alteração no estatuto
A Petrobras alcança esses resultados em meio à recente proposta da administração de mudar alguns pontos do estatuto social da companhia — que causou polêmica e fizeram as ações da estatal terem fortes quedas nas últimas semanas.
A proposta de alteração será votada em assembleia geral extraordinária (AGE), marcada para o dia 30 de novembro.
Entre as mudanças que serão votadas neste dia e trouxeram preocupação estão a criação de uma reserva de remuneração do capital e a exclusão de restrições para indicar administradores que tenham ocupado cargos públicos, como previsto na Lei das Estatais (Lei nº 13.303/2016).