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Com maior uso do rotativo, juros do cartão de crédito chegam a 1.000% nos bancos — e Campos Neto quer acabar de vez com modalidade

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Bastante popular entre a população de baixa renda — e aqueles que se enrolam com as faturas do cartão no fim do mês —, o rotativo do cartão de crédito registrou uma disparada desde a chegada da pandemia.

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A concessão de uma das modalidades de crédito mais caras do mercado mais do que dobrou nos últimos três anos. 

Entre junho de 2020 e o mesmo mês de 2023, o avanço chegou a 108%, para R$ 30,2 bilhões, segundo dados do Banco Central.

Vale lembrar que o consumidor cai no rotativo toda vez que opta por pagar apenas uma parte da fatura do cartão até o vencimento. 

Com a maior adesão à linha de financiamento, os juros médios nessa modalidade superaram os 437% ao ano em junho. Mas isso é apenas a ponta do iceberg: em algumas instituições, a taxa beira os 1.000%, segundo o BC.

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Nesse cenário, a inadimplência alcançou o recorde de 53% em maio.

Banco Central quer acabar com o rotativo do cartão

Enquanto o Congresso debate a criação de um teto de para os juros do rotativo do cartão de crédito, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na quinta-feira (10) que a cobrança deveria deixar de existir

"Sem rotativo, a fatura não paga iria direto para o parcelado. Deve ser anunciado nas próximas semanas", afirmou o presidente do BC, em audiência pública no plenário do Senado. "Deveríamos ter feito antes medidas para solucionar o rotativo", admitiu.

Campos Neto destacou que o limite semelhante de juros de cheque especial atingiu o objetivo da medida. "Reconheço que o juro do cartão de crédito é um grande problema. O parcelado sem juros ajuda a atividade, mas tem aumentado muito parcelas", avalia

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"Com exceção da China, nenhum outro país teve aumento tão grande em cartões como o Brasil. Estamos estudando soluções para número de cartões, mas reduzir cartões pode prejudicar o varejo".

Dados do BC apontam que 20 milhões de pessoas passaram a ter acesso a um ou mais cartões entre 2019 e 2022. 

Na visão do Banco Central, a expansão é positiva, mas também levanta uma preocupação: o potencial que o cartão de crédito possui de aumentar o nível de endividamento das famílias.

O que o BC pretende fazer sobre o rotativo do cartão de crédito

Roberto Campos Neto determinou que o grupo de trabalho — formado por bancos, representantes do governo e do Banco Central — terá 90 dias para encontrar uma solução que traria o fim do rotativo do cartão.

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A Câmara também discute os juros do rotativo como parte da Medida Provisória (MP) do Desenrola, programa de renegociação de dívidas para quem está com o nome sujo. 

O relator da MP, deputado Alencar Santana (PT-SP), deve incluir no texto um dispositivo que obrigaria a autorregulação dos bancos sobre os juros do rotativo. 

Nesse caso, se os bancos não estabelecessem uma norma em 90 dias, seriam obrigados a cobrar no máximo 8% ao mês — o mesmo teto das taxas do cheque especial, outra modalidade de crédito.

Com receio de um tabelamento, como ocorreu com o cheque especial, os bancos aceleraram as negociações com varejistas e empresas do setor.

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Porém, as instituições querem impor uma condição para aceitar a autorregulação: os bancos querem limitar o parcelamento de compras no cartão em até 12 meses. 

Na visão das financeiras, o parcelamento sem juros e a inadimplência implicam cobrança de taxas maiores no cartão de crédito.

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Por que as pessoas usam tanto o rotativo do cartão de crédito?

De acordo com especialistas, a disparada na concessão do rotativo tem diversas explicações. 

Os motivos incluem o impacto da pandemia no orçamento familiar, a proliferação do número de cartões e o maior acesso a esse modelo de crédito. Tudo isso aliado à falta de educação financeira.

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"Muitas pessoas, principalmente as que estavam na informalidade, tiveram períodos de perda de renda durante a pandemia", afirma a coordenadora do programa de Serviços Financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim. 

Segundo a especialista, por falta de opção, as famílias de baixa renda acabam recorrendo a linhas de crédito sem garantias, que têm juros mais elevados. 

Ione afirma que parte dos consumidores usa o cartão para pagar despesas correntes e "complementar" a renda do mês.

Na hora da compra, os consumidores avaliam apenas se a parcela cabe no bolso, mas esquecem os juros. 

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"A grande oferta de cartões atende a essa necessidade, mas isso vem acompanhado da maior taxa do mercado.”

Os especialistas também apontam que falta planejamento de longo prazo para se adquirir bens à vista, sem ter de recorrer aos parcelamentos.

*Com informações de Estadão Conteúdo.

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