Depois de dados positivos nos Estados Unidos, o petróleo entrou em rota de alta nesta semana e atingiu o nível mais elevado em quase um ano.
Mas o “gás” não deve acabar por aí. Para o Bank of America, a projeção da commodity aos US$ 100 é “fichinha”— e ganhos mais intensos podem estar à vista.
Na visão do BofA, os preços do petróleo poderão subir para além dos três dígitos ainda em 2023.
“Se a Opep+ mantiver os cortes de oferta [da commodity] até ao final do ano, frente ao cenário positivo da procura na Ásia, acreditamos agora que os preços do Brent poderão ultrapassar os 100 dólares por barril antes de 2024”, disseram os analistas, em relatório semanal.
Já para Christyan Malek, chefe de research de ações de petróleo e gás no JP Morgan, a projeção é um pouco mais conservadora.
Na visão do banco norte-americano, o petróleo deve ser negociado entre US$ 80 e US$ 100 no curto prazo. Já para o longo prazo, Malek projeta a commodity em torno de US$ 80.
“À medida que avançamos no próximo ano, dependerá muito de como vemos a China evoluir”, destaca o analista.
O petróleo do tipo Brent — considerado referência no mercado internacional — para novembro operava em queda de 0,27% nesta manhã, cotado a US$ 93,45 o barril por volta das 11h05.
Já os contratos futuros do WTI para outubro tinham leve recuo de 0,04% no mesmo horário, negociados a US$ 90,12 o barril.
Vale ressaltar que a commodity estendeu os ganhos nesta semana após a divulgação de indicadores econômicos dos EUA, que reforçaram as expectativas do mercado de uma manutenção dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano.
O que pode fazer o petróleo disparar, segundo o BofA
Para os analistas, o aumento das taxas de juros em todo o mundo refreou a procura agregada global, o que limitou o crescimento do consumo de petróleo e os preços da commodity.
Porém, segundo o Bank of America, existem três questões que podem destravar os preços do petróleo: a atuação da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados), os juros nos Estados Unidos e a recuperação da procura de energia na Ásia.
No caso da Opep, a estratégia da organização de reduzir a oferta antes de um potencial colapso nos preços do petróleo deve ajudar a commodity nos próximos meses.
Isso porque a recuperação recente dos preços da commodity acontece em meio a expectativas crescentes de oferta mais restrita pela Opep, depois que a Arábia Saudita e a Rússia anunciaram que pretendem reduzir os estoques globais e estender os cortes na produção de petróleo até o final do ano.
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No começo de junho, a Arábia Saudita, considerada produtora dominante da Opep, anunciou cortes de 1 milhão de barris por dia em sua produção de petróleo para tentar evitar quedas mais profundas dos preços internacionais do combustível.
Além da oferta de petróleo, os analistas projetam que as taxas de juros na terra do Tio Sam devem atingir o pico neste trimestre, o que daria fôlego para o petróleo recuperar os preços.
Entretanto, os analistas do BofA destacam um ponto de atenção para os preços da commodity: uma força renovada para a escalada da inflação. “Um aumento nos preços das matérias-primas poderá reacender uma subida das taxas de juros pelos bancos centrais e reiniciar a batalha entre o petróleo e o dinheiro.”
Enquanto isso, a melhora da procura por energia asiática após o fraco crescimento na China no pós-pandemia também ajuda os preços do petróleo atualmente.
“Depois de uma crise que abalou o mercado de energia no ano passado, a Ásia lidera mais uma vez o crescimento da procura global de energia, apesar das preocupações quanto às perspectivas econômicas da China”, ressalta o BofA.
Na visão do BofA, ainda que a atividade industrial e o setor imobiliário estejam enfraquecidos, as tendências dos transportes na China permanecem “bastante positivas”.
*Com informações de CNBC