Durante o final de semana, alguns países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados anunciaram mais cortes na produção da commodity. Até o fim do ano, a redução pode chegar a 1,66 milhão de barris por dia (bpd).
A reação dos mercados foi imediata. O barril do petróleo Brent, utilizado como referência internacional de preços, passou a subir quase 6%, negociado a US$ 84,52. Já o WTI tinha uma alta semelhante de 5,86%, cotado a US$ 80,04.
Em comunicado divulgado após reunião ministerial, a Opep confirmou que alguns de seus integrantes reduzirão sua oferta em 1,16 milhão de bpd a partir de maio e até o fim de 2023. Apenas a Arábia Saudita responderá por um corte de 500 mil bpd.
Além do país saudita, outros cortes serão feitos nos seguintes países:
- Iraque: 211 mil bpd;
- Emirados Árabes Unidos: 144 mil bpd;
- Kuwait: 128 mil bpd;
- Casaquistão: 78 mil bpd;
- Argélia: 48 mil bpd;
- Omã: 40 mil bpd;
- Gabão: 8 mil bpd.
Além disso, a Rússia, que integra a Opep+, estenderá o atual corte de 500 mil bpd em sua produção até o fim de 2023, trazendo a redução total na oferta a 1,66 milhão de bpd, detalhou a Opep.
Ainda no comunicado, a Opep diz que a decisão é uma medida preventiva com o "objetivo de sustentar a estabilidade do mercado de petróleo". A próxima reunião ministerial da Opep está marcada para 4 de junho.
Enquanto isso, as ações de empresas petroleiras no Brasil também reagiram à disparada da commodity.
Após a abertura do Ibovespa, os papéis das petroleiras subiam em bloco, encabeçando as maiores altas do índice brasileiro:
Ativo | Nome | Preço | Variação |
PRIO3 | PetroRio | R$ 32,40 | 3,88% |
RRRP3 | 3R Petroleum | R$ 30,60 | 3,83% |
RECV3 | Petroreconcavo | R$ 21,08 | 3,69% |
ENAT3 | Enauta | R$ 11,54 | 1,85% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 26,97 | 1,81% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 23,81 | 1,54% |
CSAN3 | Cosan | R$ 15,01 | -0,53% |
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Disparada do petróleo — e um risco para o Brasil
Para tentar prever o que acontecerá, vamos voltar ao início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Naquele fevereiro de 2022, enquanto o mundo ainda enfrentava problemas na cadeia de distribuição global, o país liderado por Vladimir Putin invadiu o vizinho a oeste.
Por se tratar de regiões produtoras de gás natural e petróleo — sendo a Rússia uma das maiores do mundo —, as cotações da commodity tiveram uma disparada.
Desde então, passaram algumas semanas até o barril do Brent atingir os US$ 121 em abril daquele mesmo ano.
Mas todo planeta sentiria esse baque nos preços. Dos Estados Unidos à Europa — que enfrentou mais problemas de abastecimento de gás — até o Brasil, o preço dos combustíveis disparou globalmente.
Por aqui, a gasolina chegou a ser vendida a R$ 7,39 por litro, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo.
Na mira da política
A disparada dos combustíveis tende a minar a popularidade dos governantes — que o diga Joe Biden, presidente dos Estados Unidos.
Inclusive, os efeitos de uma nova alta dos combustíveis pode piorar a situação da inflação nos EUA — que não dá sinais de arrefecimento desde a última leitura.
Por aqui, o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a trocar a presidência da estatal quatro vezes durante seu mandato.
Contraponto: Petrobras enfrentará teste de fogo?
Agora, o presidente Lula talvez precise enfrentar uma nova alta de preços dos combustíveis se o cenário persistir. Vale ressaltar que a flutuação do câmbio e outros fatores podem limitar o repasse da Petrobras ao consumidor.
A própria estatal tem se mostrado bastante cautelosa em repassar imediatamente as oscilações dos combustíveis. Os preços da commodity já vinham caindo desde o final de 2022, mas os cortes só vieram no começo deste ano.