O setor bancário norte-americano deu um susto no mundo neste início de ano. A quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank fizeram soar o alarme de um possível contágio sistêmico. Uma das razões para esse princípio de crise foi a agressiva elevação de juros promovida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Enquanto muito se especula sobre a iminência de uma paralisação no aperto monetário do Fed, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, enxerga um cenário que pode contribuir para antecipar o fim da alta dos juros, talvez evitando uma recessão mais adiante.
Numa entrevista concedida à CNN neste fim de semana, Janet Yellen afirmou que um esperado aperto no crédito venha a acelerar a desaceleração da inflação nos EUA. Em tese, isso reduziria a necessidade de mais altas de juros pelo Fed.
Por que isso pode mexer com os juros
“Já vínhamos observando algum aperto nos padrões de crédito no sistema bancário antes desse episódio, e pode haver mais por vir”, disse ela à CNN, numa referência às quebras do SVB e do Signature Bank.
Na avaliação da secretária, as recentes turbulências no setor financeiro devem tornar os bancos mais cautelosos na concessão de empréstimos.
De acordo com ela, isso “poderia servir como substituto para as elevações de juro que o Fed ainda precisa fazer”.
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Pouso suave à vista?
Entretanto, Janet Yellen considera que a rápida resposta de reguladores acalmou os mercados e ajudou a diminuir as incertezas em um cenário de bancos bem capitalizados.
Por isso, na visão dela, os EUA ainda podem ter um "pouso suave". Ou seja, domar o dragão da inflação sem que haja impacto significativo no crescimento econômico e no emprego.
"Acho que há um caminho para reduzir a inflação, mantendo o que acho que todos nós consideraríamos um mercado de trabalho forte. E as evidências que estou vendo sugerem que estamos nesse caminho", argumentou ela.
A dúvida é se o aperto no crédito vai desacelerar a inflação numa escala suficiente para convencer os diretores do Fed a anteciparem o fim do atual ciclo de alta dos juros.
*Com informações da CNN, da CNBC e do Estadão Conteúdo.