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E agora, Campos Neto? A última justificativa do BC para manter a Selic nas alturas começa a ruir

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em efeito parecido com o do filme Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em efeito parecido com o do filme "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo"

Na ata da última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) detalhou as razões pelas quais decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. Em resumo, Roberto Campos Neto e os diretores do Banco Central revelaram preocupação com as expectativas de inflação, que continuavam a subir apesar do aperto monetário.

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Pois esse último argumento do BC contra o início da queda dos juros começou a ruir nesta semana. Isso porque a edição mais recente da pesquisa Focus trouxe uma redução importante nas projeções do mercado para os índices de preços.

A expectativa para a inflação medida pelo IPCA recuou de 6,03% para 5,80% no levantamento divulgado hoje pelo BC. A redução, aliás, aconteceu na semana seguinte ao corte no preço dos combustíveis pela Petrobras.

As projeções do mercado para o IPCA em 2024 também cederam, embora em ritmo mais lento, de 4,15% para 4,13%.

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Selic vai cair já?

A redução nas expectativas de inflação reforça o argumento dos que defendem uma queda imediata da Selic.

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Embora as expectativas de inflação para este ano sigam bem acima do teto da meta, de 4,75%, as projeções para o IPCA de 2024 já se encontram dentro do intervalo de tolerância.

Vale lembrar que a meta de inflação do ano que vem é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. E o próprio BC reconheceu que trabalha com um horizonte mais longo para recolocar a inflação na meta, que inclui o ano de 2024.

Os defensores da redução da Selic também destacam os índices de inflação comportados e a aguardada aprovação do projeto do arcabouço fiscal no Congresso como fatores que abrem espaço para o BC agir.

"Serenidade e paciência"

Seja como for, é pouco provável que o Copom comece um ciclo de cortes na Selic já na próxima reunião, que acontece nos dias 20 e 21 de junho.

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Primeiro, porque Roberto Campos Neto e os diretores do BC vêm pregando "serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas".

O BC também enxerga as expectativas de inflação como uma espécie de profecia autorrealizável. Ou seja, a percepção de que a inflação será maior no futuro faz os agentes aumentarem os preços hoje.

Então o mais provável é que Campos Neto e companhia desejem ver as expectativas mais ancoradas antes de dar início ao corte de juros.

Por fim, nem mesmo o mercado parece acreditar em uma postura mais agressiva do Copom, já que as projeções para a Selic no fim do ano permaneceram em 12,75% ao ano. Enquanto isso na B3, os juros futuros operam em alta em praticamente toda a curva.

Confira o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (22) com as projeções do mercado para a inflação, PIB e Selic:

Inflação

Atividade econômica

Dólar

Selic

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