A saída de Changpeng Zhao, o CZ, da presidência da Binance, chegou a pressionar as cotações das principais criptomoedas do mundo. O próprio token da corretora, o BNB (BNB), chegou a despencar 10% em um único dia. Porém, o bitcoin (BTC) não teve maiores problemas nesse período.
Nos últimos sete dias, a maior criptomoeda do mundo acumula alta de quase 4% e agora é negociada ao redor dos US$ 38 mil. Quando comparamos com outros momentos em que corretoras de criptomoedas (exchanges) movimentaram os preços, a história é bastante diferente.
A saída de CZ, ainda mais em meio a um processo de investigação, remeteu inicialmente à falência da FTX, que chegou a ser uma das maiores exchanges do planeta. Mas os cenários são bastante diferentes, como explicam analistas com quem conversei nos últimos dias.
Inclusive, o acordo da Binance com o Departamento de Justiça (DoJ) dos Estados Unidos pode influenciar o mercado por ser um sinal positivo para os órgãos reguladores. A corretora se pronunciou por meio de nota publicada em seu blog sobre o ocorrido.
Acordo da Binance e o bitcoin
Para o chefe de research de criptomoedas da Empiricus, Vinícius Bazan, a Binance representava o maior risco sistêmico do mercado de cripto, por ser a maior exchange do mundo e “operar à margem da regulação em muitos casos”.
“O acordo alcançado junto ao DoJ mostra dois pontos positivos: que a Binance precisará adequar sua operação a um nível que deixe os reguladores norte-americanos confortáveis e que os próprios reguladores tiveram bom senso sobre como enfrentar a empresa”, comenta.
Esse realinhamento dos órgãos reguladores com o principal player do mercado de criptomoedas abre espaço para a tão esperada aprovação do ETF de bitcoin à vista nos Estados Unidos. “Minha avaliação é a de que veremos os ETFs aprovados até 10 de janeiro, o que deve renovar o otimismo do mercado”, diz.
Era Pós-CZ
“A impressão que passa é de que acabou a era de cripto como ferramenta libertária”, afirma José Arthur Ribeiro, CEO da Coinext. Para ele, o mercado agora entra na “Era pós-CZ”, de “um mercado ajustado às regras e instituições reguladoras”.
Vale ressaltar que o mercado de criptomoedas tem pouca ou quase nenhuma regulação em todo planeta, o que permitiu que empresas — inclusive a Binance — operassem nos vácuos e zonas cinzentas das legislações.
Assim, Ribeiro concorda que, resolvida parte da questão regulatória, a aprovação do ETF também está mais próxima com a saída de CZ.
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O impacto de um ETF de BTC no mercado
O mercado global de criptomoedas está à espera da aprovação do primeiro ETF de bitcoin spot dos Estados Unidos. A prova disso foi a disparada da criptomoeda após uma notícia falsa de que o fundo já havia sido aprovado pela SEC, a CVM norte-americana.
Mas qual seria o impacto de um fundo de índice (ETF) de BTC à vista no mercado? Quem levantou os dados sobre o tema foi a CryptoQuant, empresa de research de criptomoedas.
Em um relatório recente, foi constatado que o mercado global de criptomoedas poderia receber cerca de US$ 1 trilhão de valor e praticamente dobrar de tamanho, voltando ao patamar de US$ 2 trilhões do bull market de 2021.
O cenário deve se repetir — afinal, grandes gestoras e bancos de investimento estão com pedidos na SEC para lançarem seus próprios ETFs de bitcoin spot.
Dessa forma, os preços da maior criptomoeda do mundo poderiam chegar a um patamar entre US$ 50 mil e US$ 73 mil, na visão da CryptoQuant. Atualmente, o BTC é negociado na faixa de US$ 37.700.
Diferente da FTX
Em comparação com o caso da FTX, os momentos das duas corretoras são bastante diferentes. A começar que não existe um indicativo claro de que a Binance esteja passando por um problema de solvência, como foi com a falida exchange de Sam Bankman-Fried, o SBF.
Contudo, se o embate entre os órgãos reguladores e a corretora tivesse tido um fim menos cooperativo, isso poderia ter gerado uma corrida por saques na corretora — aí sim, estaríamos diante de um episódio parecido com o da FTX.
No caso da Binance, houve um “cerco regulatório”, e CZ se declarou culpado de uma série de acusações, que incluem lavagem de dinheiro, fraude e outras violações de sanções. Já a corretora terá de pagar uma multa de mais de US$ 4 bilhões aos órgãos reguladores dos Estados Unidos.
O próprio CZ terá de pagar uma multa de US$ 50 bilhões, além da fiança de US$ 175 milhões para permanecer em liberdade.