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O que o ótimo resultado da Vivo (VIVT3) significa para os futuros dividendos da companhia?

Logo da empresa de telefonia Vivo, da Telefônica Brasil (VIVT3)

Logo da empresa de telefonia Vivo, da Telefônica Brasil (VIVT3).

Nesta semana, a Vivo (VIVT3) apresentou um dos melhores resultados de sua história, o que rendeu uma alta de 5% para as ações no pregão da última quarta-feira (26).

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Já comentamos sobre a companhia algumas vezes aqui no Sextou, e por que ela deveria fazer parte do portfólio de um investidor focado em dividendos.

Mas eu acho que muita gente não seguiu a recomendação — e agora que os papéis subiram forte, essas mesmas pessoas devem estar se questionando se ainda vale a pena investir em VIVT3.

Por isso, resolvi aproveitar a coluna de hoje para responder justamente essa pergunta. Mas antes, vale a pena comentar um pouco sobre os ótimos resultados do segundo trimestre e por que motivos esperamos um aumento dos dividendos no futuro.

Telefônica Brasil/Vivo: um belo trimestre

A receita "core", que considera apenas os negócios em ascensão — como móvel, fibra e B2B (serviços para empresas) —, aumentou 10% na comparação com o segundo trimestre de 2022. 

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Destaque para o negócio móvel (celulares), que viu o ARPU (receita média por usuário) crescer bem acima da inflação, ajudado por reajustes de preço, migração de clientes para o pós-pago e churn (cancelamento) abaixo da média.

Ainda nos negócios core, a receita fixa cresceu 9,4%, ajudada pela continuidade da expansão de fibra (FTTH) e também por um incremento dos serviços para empresas (B2B).

Apesar desse ótimo crescimento, a receita consolidada acabou se expandindo em menor ritmo, o que ainda é explicado pelo encolhimento dos negócios não core, como voz fixa e serviços de cabo.

Mesmo com esse vento contrário, a receita consolidada atingiu R$ 12,7 bilhões, um aumento de 7% e acima das expectativas do mercado.

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Também gostamos do bom controle de gastos no trimestre: a linha aumentou apenas 5,5%, um ritmo bem mais moderado do que o visto no primeiro trimestre, em função de alavancagem operacional e do maior controle com custos comerciais e licenças para empresas.

Isso proporcionou um ganho de margem operacional (+1,2 p.p.) e permitiu ao Ebitda atingir R$ 5,1 bilhões, alta de 11% na comparação anual.

O resultado financeiro também melhorou no trimestre, marcando uma perda de R$ 486 milhões (19% menor em um ano), devido ao endividamento mais baixo na comparação com 2022, quando a companhia precisou se alavancar para adquirir os ativos da Oi e participar dos leilões de 5G.

Com a melhora do resultado operacional e financeiro, o lucro líquido atingiu R$ 1,1 bilhão, alta de 47% frente ao mesmo trimestre do ano passado, e bem acima das expectativas do mercado.

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Importante lembrar que essa melhora também se refletiu no fluxo de caixa livre, que saltou de R$ 2,1 bilhões para R$ 2,5 bilhões no trimestre, com uma redução da necessidade de investimentos e também uma melhora no capital de giro.

É uma excelente notícia, porque aumenta as perspectivas de dividendos e deve ajudar a trazer de volta investidores que abandonaram o papel nos últimos anos.

A volta dos dividendos

Poucas coisas desanimam mais um investidor focado em dividendos do que ver a sua vaca leiteira reduzir a distribuição de proventos.

Repare no gráfico abaixo como o dividend yield da Vivo caiu nos últimos anos anos (exceto em 2023), o que provocou um de-rating nos papéis, que antes negociavam por 5,5x Valor da Firma/Ebitda, e, hoje, negociam abaixo de 4x.

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Como você pode ver nos mesmos gráficos, a Tim (TIMS3) manteve o (baixo) yield e, como prêmio, não passou pelo mesmo de-rating no período.

Antes de continuar, é importante entender por que isso aconteceu. Os últimos anos não foram fáceis para a geração de caixa livre da Vivo.

Nos resultados operacionais, o período marcou a morte do negócio de voz fixa — sim, aquele negócio chamado telefone fixo que ficava do lado da TV, lembra? Essa linha representava nada menos do que R$ 8 bilhões das receitas anuais da Vivo, 20% do total em 2016.

A receita da linha de serviços legados (que também inclui TV a cabo) caiu pela metade desde então, o que obviamente tem sido um vento contrário para os resultados consolidados, que cresceriam em ritmo mais rápido sem isso.

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Mas como vimos neste trimestre, essa fatia agora corresponde a apenas 6,4% da receita, e seu encolhimento vai pesar cada vez menos para os resultados consolidados daqui para a frente.

Mas não é só o resultado operacional que afeta os dividendos. No caso da Vivo, o fluxo de caixa destinado aos investimentos foi pesadíssimo nos últimos anos.

O leilão 5G custou mais de R$ 1 bilhão aos cofres da companhia, enquanto a aquisição dos ativos da Oi demandou mais R$ 5,5 bilhões. Isso sem contar os investimentos volumosos, especialmente em fibra.

Fato é que a Vivo saiu de uma posição de caixa líquido de R$ 7 bilhões em 2021 para uma dívida líquida de mais de R$ 4 bilhões no fim do ano passado.

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Ou seja, boa parte do que antes era direcionado aos acionistas na forma de dividendos precisou ser reinvestido, e tudo isso em um ambiente de Selic elevada, o que também significa maiores despesas com juros.

Pensando no longo prazo, todos esses passos levam a Vivo para uma posição ainda mais sólida no setor, o que vemos como crucial para a sustentabilidade do negócio.

O problema é que, no curto prazo, isso significou redução de dividendos — e, como já vimos, um de-rating das ações. No entanto, vejo o "copo meio cheio".

Assim como empresas que reduzem dividendos passam por processos de redução de múltiplos, o contrário também costuma ser verdadeiro, e temos bons motivos para acreditar que a Vivo vai voltar a aumentar a distribuição de proventos nos próximos anos — isso antes mesmo dos bons resultados divulgados nesta semana.

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Para começar, a companhia pediu autorização da Anatel para reduzir seu capital em R$ 5 bilhões. Estamos falando de 7% de yield que, provavelmente, serão divididos em duas ou mais parcelas neste e nos próximos anos, a depender do cronograma de aprovação da Anatel e dos acionistas.

Outro fator que ajudará o yield é a combinação de queda da Selic e um endividamento mais baixo, não apenas por conta da redução dos juros pagos aos credores, mas também pela menor necessidade de amortização daqui para a frente.

Outro ponto importante é que depois de anos de investimentos pesados nos novos segmentos, a intensidade de Capex (investimentos) começará a cair em 2023.

Nos últimos anos a relação Capex/Receita, que esteve próxima dos 20%, deve cair para patamares próximos de 17%, o que ajudará a melhorar a geração de caixa e a distribuição de proventos.

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Mas também entendemos haver uma possibilidade de melhora em termos de preços no segmento móvel, com a Oi fora do jogo.

Historicamente o setor tem problemas para repassar a inflação, um pouco por conta do barateamento da tecnologia, mas muito por conta da concorrência.

Agora, com um player a menos e as outras companhias (Tim e Claro) bem mais racionais, o setor deve ter esse vento contrário a menos — um efeito que, de certa forma, já pudemos observar no fim de 2022. Lembre-se que a Vivo apresentou um ótimo aumento do ARPU, o que corrobora com essa tese.

Outra vertical importante é o B2B (para empresas), onde a companhia fornece serviços em nuvem, cibersegurança e tecnologia da informação, entre outras soluções que algumas empresas preferem terceirizar.

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É interessante notar como esse segmento têm ganhado relevância nos resultados e, a julgar pela digitalização dos negócios que não para de crescer, as perspectivas seguem bastante positivas.

Essa combinação de poder de precificação, menor peso dos serviços legados, redução de capex e do endividamento acarretarão em yields que devem se aproximar de 10% nos próximos anos, o que inclusive pode trazer o tão esperado re-rating dos papéis, com a volta dos amantes de dividendos para a base acionária.

Por esses motivos, entendo que a Vivo pode voltar a ser uma das melhores pagadoras de dividendos da Bolsa nos próximos anos, e é por isso também que ela está na carteira da série Vacas Leiteiras, que conta com outras ótimas pagadoras de dividendos.

Um grande abraço e até a semana que vem!

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Ruy

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