Num ano que tem sido positivo para a bolsa brasileira — o Ibovespa acumula ganhos de 6,6% desde o começo de 2023 e retornou às máximas desde novembro —, uma classe de ativos em particular têm se destacado: as small caps, ações de empresas de menor porte e que costumam ter maior exposição à economia doméstica.
Basta olhar para o desempenho do SMLL, o índice da B3 que serve como referência para esse tipo de investimento, com ganhos de 11,5% no ano até aqui. Um retorno que chama a atenção, especialmente se considerarmos que a economia brasileira segue bastante árida, com a Selic em 13,75% ao ano e PIB ainda tímido.
Esta descrição, no entanto, diz respeito ao momento atual — e, ao olharmos para o futuro, as perspectivas são mais animadoras. A inflação já dá sinais de arrefecimento, com o IPCA em maio ficando em 0,23%, abaixo das expectativas dos analistas. E, com o aumento dos preços mais sob controle, já se projeta um corte nos juros ainda em 2023.
No lado do crescimento econômico, as notícias também parecem apontar para um futuro mais favorável ao ambiente de negócios: o PIB cresceu 1,9% no primeiro trimestre e, ainda que boa parte desse resultado se deva ao agronegócio, a percepção é a de que as o país pode engatar uma sequência mais firme de expansão.
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Small caps: fundamentos e potencial de alta
Ou seja: se as small caps costumam estar mais expostas ao cenário macroeconômico doméstico — e este, por sua vez, apresenta sinais animadores no médio e longo prazo —, há a leitura de que esse tipo de ação pode ter desempenhos particularmente fortes daqui em diante, surfando essa onda de retomada local.
É claro que esse potencial de alta que é identificado por muitos analistas só é possível porque, nos últimos anos, as small caps foram particularmente mal: com a economia local inspirando pouca confiança, os investidores preferiam opções mais seguras no mercado de ações, como empresas de porte maior e mais líquidas.
Veja, por exemplo, o desempenho do Ibovespa e dos demais índices setoriais da B3 desde o começo do ano; o SMLL junto ao IMOB, do setor imobiliário, do IFNC, do setor financeiro, e do BDRX, de BDRs não-patrocinados, está entre os líderes de 2023:
Quem sobe mais?
O SMLL acumula ganhos de dois dígitos desde o começo de 2023. Mas quais small caps têm os melhores desempenhos individuais? E quais não ganharam força até agora?
O levantamento abaixo foi feito pelo Seu Dinheiro a partir de dados compilados pela Broadcast e tem como base os ativos que fazem parte da atual carteira do SMLL — ao todo, o índice conta com 119 ações. Nem todas as small caps negociadas em bolsa estão no portfólio; há empresas que não são elegíveis, segundo os critérios da B3.
Veja a tabela com os maiores retornos entre as small caps da B3 neste ano, considerando as cotações de fechamento de sexta-feira (9):
AÇÃO | CÓDIGO | COTAÇÃO EM 9/JUN (R$) | VARIAÇÃO EM 2023 |
Tenda ON | TEND3 | 8,89 | +110,7% |
C&A Brasil ON | CEAB3 | 4,75 | +107,4% |
Marcopolo PN | POMO4 | 5,07 | +84,4% |
Azul PN | AZUL4 | 19,61 | +78,1% |
Oncoclínicas ON | ONCO3 | 10,49 | +74,0% |
Yduqs ON | YDUQ3 | 16,63 | +63,5% |
Log CP ON | LOGG3 | 24,88 | +62,5% |
Trisul ON | TRIS3 | 5,26 | +59,4% |
Mahle Metal-Leve ON | LEVE3 | 41,69 | +55,6% |
EcoRodovias ON | ECOR3 | 6,91 | +55,3% |
Entre o top 10 do SMLL, chama a atenção a presença do setor de construção, em linha com o forte desempenho do IMOB. Tenda, Trisul e Log CP — as duas primeiras, incorporadoras; a segunda, de galpões logísticos — têm ganhos expressivos no ano, sendo que a Tenda mais que dobrou de valor na bolsa desde o começo do ano.
Novamente, vale lembrar que a valorização vista em 2023 ocorre após um período ruim desse setor como um todo; a Tenda, em específico, sofreu com problemas relacionados aos estoques e à deterioração de suas margens. Agora, com a perspectiva de baixa de juros e retomada do financiamento imobiliário, o segmento ganha tração.
Lógica semelhante se aplica à C&A Brasil, empresa de consumo que vinha com um valuation bastante descontado e que, nos últimos meses, encontrou espaço para valorização, na esteira da retomada do consumo no médio prazo; Marcopolo e Metal Leve, associadas à infraestrutura interna, também se aproveitam.
Confira agora as 10 small caps do SMLL com piores desempenhos em 2023:
AÇÃO | CÓDIGO | COTAÇÃO EM 9/JUN (R$) | VARIAÇÃO |
BR Properties ON | BRPR3 | 64,99 | -75,1% |
TC ON | TRAD3 | 1,04 | -53,2% |
Infracommerce ON | IFCM3 | 1,79 | -51,8% |
Sequoia Logística ON | SEQL3 | 1,53 | -47,8% |
CBA ON | CBAV3 | 5,71 | -47,1% |
Petroreconcavo ON | RECV3 | 18,46 | -43,0% |
Multi ON | MLAS3 | 2,64 | -34,5% |
Gafisa ON | GFSA3 | 6,91 | -30,2% |
Alpargatas PN | ALPA4 | 10,94 | -27,5% |
BrasilAgro ON | AGRO3 | 23,18 | -22,6% |
Diferentemente da ponta positiva, a lista das maiores quedas do SMLL é marcada por empresas que possuem questões próprias — não há um contexto macroeconômico ou um fator comum a todas elas que justifique as baixas acumuladas no ano.
A BR Properties, por exemplo, passou por uma forte redução de capital após vender boa parte de seu portfólio e, desde janeiro, seus papéis são negociados à sombra de uma OPA para fechamento de capital. A Sequoia, por sua vez, aprovou um aumento de capital via emissão privada de ações, o que diluiu os minoritários da companhia.