Site icon Seu Dinheiro

Justiça suspende aumento de capital da Gafisa em vitória para Esh Capital, mas ações GFSA3 ainda sobem mais de 42%; o que está por trás do salto da construtora?

Logo da incorporadora Gafisa em meio aos prédios da cidade de São Paulo

Logo da incorporadora Gafisa em meio aos prédios da cidade de São Paulo

Mal deu tempo de a Gafisa (GFSA3) comemorar o aumento de capital de R$ 78 milhões. Homologada ontem, a operação foi suspensa nesta quinta-feira (5) por determinação do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em uma vitória da Esh Capital na batalha contra a construtora de Nelson Tanure.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A notícia, porém, não afetou o apetite pelos papéis da companhia. Pelo contrário, aumentou ainda mais: por volta das 17h35, as ações GFSA3 operavam em alta de 42,7%, cotadas em R$ 29,80.

Os papéis estão em um rali desde o final de 2022 e acumulam alta de mais de 377% no último mês, quando os desdobramentos do imbróglio com a Esh foram divulgados ao mercado.

A alta volatilidade nos últimos dias também é justificada por um motivo técnico: com o aumento de capital iminente, investidores desmontaram suas posições vendidas no papel.

Gafisa promete recorrer da decisão

Vale destacar que a decisão de hoje não é definitiva, e a construtora já avisou que irá recorrer. "A Gafisa reforça que o mesmo tema já foi rejeitado pelo Judiciário oito vezes. A decisão proferida nesta quinta é a única favorável ao pleito da gestora", cita a companhia em nota.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Gafisa afirma ainda estar "segura de que atua na total legalidade e em benefício da companhia e de todos seus mais de 39 mil acionistas".

A ação não é a única movida pela Esh Capital contra a empresa. A gestora já havia obtido um parecer favorável da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que uma assembleia de acionistas convocada para 2 de janeiro fosse realizada. Ainda assim, a Gafisa manteve a convocação para o dia 9 deste mês.

Apesar de pouco distantes, as datas eram muito relevantes nesse caso justamente por conta do aumento de capital. Um dos itens na pauta da AGE era discutir a decisão de aprovar a operação — que, segundo nota enviada pela Esh ao Seu Dinheiro, “se deu de forma ilegal”.

Já a Gafisa garante "que está atuando dentro da legalidade". "Qualquer outra posição é meramente especulativa e com intenções duvidosas."

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O encontro dos acionistas deliberará sobre uma possível ação de responsabilidade contra Nelson Tanure e outros administradores e membros do conselho fiscal da Gafisa, assim como a destituição desses integrantes e a eleição de substitutos por quebra de deveres fiduciários.

Um dos temores da gestora era que o grupo ligado a Tanure poderia aumentar a sua participação no capital social da Gafisa após a operação e, com isso, chegar mais forte à assembleia.

"Seria razoável que o conselho esperasse a assembleia para homologar o aumento de capital. No entanto, tomou a decisão às pressas para que as ações pudessem ser usadas na votação da AGE, criando uma situação em que os subscritores deliberariam sobre a própria subscrição", argumenta a Esh.

Vale lembrar que a gestora, por meio do fundo Esh Theta, elevou recentemente sua fatia na incorporadora para pouco mais de 15,1%. Mas a participação deve ser diluída pois a gestora não subscreveu ações no aumento de capital. "Vamos para a assembleia e esperamos que os acionistas que têm interesse particular se declarem impedidos de votar", pede.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Esh já havia obtido outra decisão favorável na Justiça

Além da operação, a Esh questiona ainda a 17ª emissão de debêntures da companhia. Os ativos foram alvo do primeiro embate jurídico entre gestora e construtora, que terminou com a Esh obtendo uma liminar que impediu a conversão das debêntures em ações.

A Gafisa afirma que essa liminar trará prejuízo. Isso porque a decisão limita a capacidade de prosseguir com o desenvolvimento de projetos estratégicos em imóveis adquiridos com os R$ 245,5 milhões levantados pela operação.

Esses empreendimentos, aliás, são o motivo por trás do pedido inicial. A Esh alega que os terrenos negociados pertencem a uma empresa de Nelson Tanure, o controlador da companhia.

Exit mobile version