O Nubank apresentou na semana passada um resultado que superou as projeções mais otimistas no segundo trimestre deste ano. Ainda assim, as ações do banco digital acumulam uma queda da ordem de 7% desde então.
Isso porque os investidores reagiram mal à notícia de que alguns executivos, incluindo o fundador David Vélez, venderam parte de suas ações no mercado.
Afinal, se quem mais conhece a companhia está vendendo, você deveria comprar? Os analistas do Itaú BBA publicaram um relatório para responder que sim.
Eles também aproveitaram para reiterar a recomendação outperform (equivalente a compra) e aumentar o preço-alvo das ações do Nubank de US$ 9,50 para US$ 9,70.
Esse valor representa um potencial de alta de 31,2% em relação ao fechamento de ontem na Bolsa de Nova York (Nyse). O banco digital também possui BDRs na B3, agora com o código ROXO34.
VEJA TAMBÉM - IBOVESPA: O QUE NÃO TE CONTARAM SOBRE AS QUEDAS CONSECUTIVAS DO ÍNDICE E O QUE ESPERAR DA BOLSA
Nubank: ações para filantropia
O fundador do Nubank anunciou que pretende usar a venda das ações para a filantropia.
“Estou tirando 3% das fichas da mesa para começar a aumentar o investimento no outro lado da grande missão que nos impulsiona hoje”, disse o CEO do banco digital, em uma entrevista à Bloomberg.
Por mais nobres que sejam as intenções de Vélez, o momento que ele escolheu para a vender os papéis não ajudou, de acordo com o Itaú BBA.
Isso porque a indústria de cartões passa atualmente por uma discussão sobre regulação, que possíveis mudanças nas taxas do rotativo.
"É natural que os executivos vendam e não queremos julgar a sua motivação, mas sentimos um impacto no sentimento dos minoritários", escreveram os analistas.
Seja como for, o Itaú BBA avalia que a queda das ações do Nubank abriu um ponto de entrada para o investidor com foco no médio prazo. Mesmo depois da baixa dos últimos dias, os papéis do Nubank praticamente dobraram de valor neste ano.
E o risco da regulação?
Um ponto de interrogação sobre o desempenho futuro do Nubank é a discussão em torno das mudanças na regulação do cartão de crédito.
O governo avalia estabelecer um teto de 8% ao mês para a taxa de juros do rotativo, mas os bancos são contra o limite.
Para o Itaú BBA, esse seria o pior cenário para o Nubank e poderia custar aproximadamente 10% dos resultados do banco digital em 2024.
Mas na visão dos analistas o mercado de certa forma já embute nos preços atuais das ações algum risco relacionado ao tema. Ou seja, uma solução mais equilibrada pode tirar esse peso sobre os papéis.