Os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles resistiram o quanto puderam, mas cederam à pressão dos credores e agora aceitam fazer um aporte imediato de R$ 12 bilhões para encerrar o processo de recuperação judicial da Americanas (AMER3).
Pela nova proposta apresentada pelos sócios de referência, outros R$ 12 bilhões em dívidas seriam convertidos em participação acionária em favor dos bancos aos quais a Americanas deve.
A proposta anterior previa aporte de R$ 10 bilhões por parte dos sócios de referência e a conversão em equities de R$ 10 bilhões em dívidas.
Na prática, a proposta na mesa eleva de R$ 20 bilhões para R$ 24 bilhões a expectativa de capitalização da Americanas.
Está prevista ainda a recompra antecipada de R$ 8,7 bilhões em dívidas.
Se o acordo prosperar, a varejista sairá do processo de recuperação judicial com uma dívida bruta de R$ 1,875 bilhão — bem menos que os R$ 42,3 bilhões reconhecidos durante a atual crise da empresa.
Em reação à notícia, AMER3 subia 10% na primeira hora do pregão, cotada a R$ 0,88 por ação.
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Um resumo da crise da Americanas
A atual crise da Americanas começou em janeiro, quando o então CEO Sergio Rial revelou a existência de um rombo contábil de aproximadamente R$ 20 bilhões.
No mês seguinte, Lemann, Sicupira e Telles foram autorizados a abrir uma linha de crédito por meio do qual poderiam emprestar até R$ 2 bilhões à Americanas.
Desse montante, a empresa já sacou até agora R$ 1,5 bilhão e tem prazo de 24 meses para devolver o dinheiro ao trio (a 128% do CDI).
Em março, a justiça acatou o pedido de recuperação judicial da varejista.
Três meses depois, a Americanas admitiu se tratar de uma fraude. Os lançamentos fraudulentos no balanço da companhia totalizavam R$ 21,7 bilhões em setembro de 2022.
No fim de setembro, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) chegou ao fim em Brasília sem apontar responsabilidades pela fraude.
Agora no início de outubro, dias antes da notícia do acordo, a Americanas veio a público informar que não conseguiu nenhuma oferta atraente pelo grupo Uni.co, dono das lojas Imaginarium e Puket.
Saída da recuperação judicial da Americanas depende de reapresentação de balanços
Antes que qualquer acordo seja efetivado, porém, a Americanas precisa republicar os balanços auditados de 2021 e 2022.
O trabalho de auditoria está a cargo da BDO desde junho, quando a companhia dispensou os serviços da PricewaterhouseCoopers (PwC).
A expectativa é de que a auditoria dos balanços dos últimos dois anos seja concluída até o fim do mês.