CORREÇÃO: a primeira versão do texto utilizava uma nota do Ministério da Defesa que mais tarde foi declarada falsa pela pasta. A verdadeira nota oficial foi incluída na atualização.
Conforme prometido pelo Ministério da Defesa, e no final do prazo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pasta divulgou nesta quarta-feira (9) o aguardado relatório produzido por militares sobre o processo eleitoral brasileiro e a votação eletrônica.
E a pasta deixou uma conclusão para aqueles que questionam a lisura das urnas ao garantir que os boletins de urna impressos e disponibilizados pelo TSE estavam dentro da conformidade.
Para Alexandre de Moraes, presidente da Corte, o documento "não apontou nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022".
Mais cedo circulou uma suposta nota em que a Defesa afirmava não ter "encontrado nenhum indício de manipulação dos resultados que possa configurar fraude do pleito". A pasta confirmou que a mensagem era falsa pouco após a publicação do relatório.
Por falar nele, o documento assinado pelos chefe das Forças Armadas e representantes do Exército, Força Aérea e Marinha aponta "ressalvas a serem analisadas e levadas em consideração pela equipe técnica do TSE".
Uma delas é que as ferramentas e procedimentos disponibilizados para o trabalho das entidades fiscalizadores foram considerados "insuficientes para uma análise técnica mais completa".
Além disso, o documento cita que, durante a compilação do código-fonte e geração dos programas, as urnas acessam a rede, o que "pode configurar relevante risco à segurança do processo". A defesa sugere uma nova investigação técnica dessa etapa e de seus possíveis efeitos.
Relatório abre brechas para manifestantes bolsonaristas acreditarem em fraude nas urnas?
Vale destacar que a listagem de "oportunidades de melhoria" nas urnas de processos sem efeito estatístico - ou seja, sem relevância para a contagem de votos - costuma ser realizada em todas as eleições.
Mas, no contexto da última corrida presidencial - que terminou com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -, o relatório pode abrir uma brecha para apoiadores do presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL).
Parte do eleitorado bolsonarista se manifesta nas ruas, estradas e em frente aos quartéis brasileiros desde o encerramento do segundo turno com um discurso de que houve fraude nas urnas.
O documento também pode servir de ferramenta para que o próprio presidente Bolsonaro siga sem admitir clara e publicamente a derrota nas eleições.