O silêncio de Jair Bolsonaro (PL) não se impõe como um empecilho aparente para que o PT negocie com membros do governo em fim de mandato o início do processo de transição.
Ontem, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, telefonou para o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), para iniciar as tratativas da transição de governo.
As conversas também já se deram entre os dois vices, o atual e o eleito. O general Hamilton Mourão (Republicanos), que foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul, conversou com Geraldo Alckmin e ofereceu ajuda na passagem da gestão.
Até o momento, Bolsonaro não reconheceu a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições.
Transição pacífica é possível
Segundo fontes do comando petista, o ministro de Bolsonaro se colocou à disposição para tratar do assunto, mas ainda não sabe quem será o indicado pelo presidente para trabalhar na transição. O diálogo, também segundo aliados de Lula, foi cordial. A conversa ocorreu ontem à tarde.
Já Mourão mandou uma mensagem Alckmin para parabenizá-lo. Alckmin, depois disso, telefonou para ao atual vice-presidente para agradecer.
Mourão se antecipou a Bolsonaro e instruiu servidores da Vice-Presidência a facilitarem o trabalho de transição, tornando disponíveis todas as informações para a equipe do presidente-eleito.
Os contatos reforçaram a avaliação da equipe de Lula de que é possível ter um cenário de transição pacífica. A aposta no QG petista é de que Bolsonaro vai reconhecer a derrota.
Emissários foram escalados para fazer as pontes com os aliados de Bolsonaro no Congresso e no governo com esse intuito.
A equipe petista de transição
Gleisi, Alckmin e o ex-ministro Aloizio Mercadante devem integrar o time de transição, sendo que os últimos dois são cotados para a coordenação do grupo.
Lula não fez nenhum anúncio formal a respeito do tema até o momento.
TCU vai supervisionar o processo
O Tribunal de Contas da União (TCU), sob presidência do ministro Bruno Dantas, decidiu supervisionar o processo de transição do governo federal em duas frentes.
Uma delas se dará a partir da criação de um comitê de ministros da Corte que fará uma supervisão dos aspectos administrativos, operacionais, financeiros e orçamentários referentes à transição.
A Corte tem competência para monitorar, como a lei obriga, a estrutura montada pelo governo ao vencedor com recursos do orçamento da própria Presidência para viabilizar a transição.
O TCU, assim, vai abrir um processo de acompanhamento da transição, que será relatado pelo ministro Antonio Anastasia.