Em meio a crescentes preocupações do mercado com a situação das contas públicas do Brasil, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que defende a responsabilidade fiscal, mas apoiou gastos que façam o Brasil voltar a crescer.
"Nós sabemos que temos que ter responsabilidade fiscal. Sabemos que não podemos gastar tudo o que a gente ganha. Mas sabemos também que nós podemos gastar para fazer alguma coisa que tenha rentabilidade para fazer o País crescer, melhorar do ponto de vista logístico", disse neste sábado (19) em Lisboa.
Lula defendeu um governo mais diverso, com mais gente da sociedade e de outros partidos.
"O governo não pode ser só do Partido dos Trabalhadores", afirmou.
"Nós vamos recuperar este País", disse ao encerrar seu discurso em um auditório do Instituto Universitário de Lisboa (Iscte).
Na sexta-feira (18), em seu primeiro dia de visita a Portugal, Lula também falou do tema fiscal, em uma semana marcada por estresse no mercado financeiro por causa da preocupação com o aumento de gastos em seu futuro governo.
Lula disse não haver nenhuma razão para medo.
"Ninguém tem autoridade para falar de política fiscal comigo", disse o petista.
Lula destacou que em todos os seus anos de governo o País fez superávit primário.
O presidente eleito reiterou que o País voltará a ser responsável do ponto de vista fiscal "sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer".
As crescentes preocupações sobre o governo Lula
Quase 20 dias após o fim das eleições, não se sabe qual será a cara da equipe econômica dos próximos quatro anos, chefiada por Lula.
O mercado financeiro espera que a indicação para o ministério da Fazenda do próximo governo não seja política e, por isso, qualquer sinal de que um caminho diferente pode ser trilhado acaba gerando ondas gigantes no mercado.
Com isso, apesar da visível recuperação dos ativos domésticos, a forte queda do petróleo no mercado internacional seguiu pressionando o principal índice da B3, que recuou 0,76%, aos 108.870 pontos na sexta-feira (18) e 3,01% na semana.
O dólar à vista caiu 0,50%, a R$ 5,3748, mas o avanço foi de 0,77% nos últimos pregões. Já no mercado de juros, a perspectiva de forte deterioração das contas públicas faz com que os investidores já vejam a Selic acima do patamar de 14% no início de 2023.