A definição do segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato à reeleição Jair Bolsonaro trouxe ânimo aos ativos domésticos, levando o Ibovespa a uma alta superior a 5% na segunda-feira (04).
A dianteira de Lula já era um cenário esperado, mas o atual presidente mostrou um fôlego muito maior do que o esperado. Além disso, a eleição de diversos parlamentares de centro-direita injetaram um DNA mais reformista ao Legislativo, o que pode facilitar o andamento de reformas muito aguardadas por economistas e investidores.
No primeiro turno, o ex-presidente Lula garantiu 48,4% dos votos, enquanto Jair Bolsonaro encerrou a noite com 43,2%, cerca de 7 pontos percentuais acima do que a maior parte dos institutos de pesquisas mostrava.
Mas apesar de Jair Bolsonaro ter demonstrado uma força maior do que o esperado, agentes do mercado ainda acreditam que Luiz Inácio Lula da Silva sairá vitorioso do pleito.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Warren Renascença, dos 103 entrevistados, 63,1% acredita em uma vitória de Lula — apesar disso, as projeções para os ativos domésticos são mais modestas do que em uma possível virada de Bolsonaro.
Apesar do segredo sobre os detalhes do plano econômico e quem fará parte do novo time da Fazenda, os agentes do mercado fizeram um exercício de imaginação.
Para 46,6% dos entrevistados, o Ibovespa deve encerrar o ano entre 95 e 110 mil pontos se Lula for o vencedor. No caso de uma vitória de Bolsonaro, as apostas majoritárias (50,5%) são de que a bolsa fechará 2022 entre 110 mil e 125 mil pontos.
Em caso de um novo governo do petista, 33% dos agentes de mercado consultados apostam em um dólar na faixa de R$ 5,40 a R$ 5,60 — contra uma estimativa de que a moeda americana permaneça abaixo de R$ 5,20 em um eventual segundo mandato de Bolsonaro.
Como o cenário ainda é incerto, o provável é que os ativos domésticos enfrentem alta volatilidade até a conclusão do pleito, em 30 de outubro. Até lá, os investidores devem monitorar de perto os passos dos dois candidatos.
A pesquisa promovida pela Warren também mostra que daqui até o fim do mês as promessas que possam aumentar as despesas da União devem ser o maior fator de preocupação. Na sequência, 30,1% dos entrevistados acreditam que as especulações sobre as futuras equipes econômicas devem pesar.